13% das escolas de Natal estão localizadas em áreas de risco climático, aponta pesquisa - O POTI

13% das escolas de Natal estão localizadas em áreas de risco climático, aponta pesquisa

Além disso, 24% das escolas estão em regiões com temperaturas de superfície elevadas, conhecidas como ilhas de calor. Foto: Marcelo Camargo/EBC.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Alana revelou que 46% das escolas de Natal não possuem áreas verdes. A capital potiguar, que ocupa a sexta posição entre as cidades mais densas do Brasil, também apresenta preocupantes índices de vulnerabilidade climática em suas instituições de ensino. Segundo o levantamento, 13% das escolas estão localizadas em áreas de risco climático, sujeitas a alagamentos, enchentes e deslizamentos. Além disso, 24% das escolas estão em regiões com temperaturas de superfície elevadas, conhecidas como ilhas de calor, com pelo menos 3,57°C acima da média urbana.

Os dados, coletados em parceria com o MapBiomas e analisados pela Fiquem Sabendo, abrangem 20.635 escolas públicas e particulares de educação infantil e fundamental. O objetivo foi mapear o acesso de crianças e adolescentes a áreas verdes e avaliar a resiliência das escolas diante de riscos climáticos e desigualdades sociais.

Racismo ambiental e desigualdades climáticas

A pesquisa aponta que 90% das escolas situadas em áreas de risco estão próximas a favelas e comunidades urbanas. Além disso, 51% dessas instituições possuem maioria de alunos negros, enquanto nas escolas com maioria de alunos brancos, esse índice cai para 4,7%. Esses números refletem a conexão entre vulnerabilidades climáticas, desigualdades sociais e racismo ambiental.

O estudo também revelou que 36% das escolas com maioria de alunos negros estão em regiões com temperaturas significativamente superiores à média, enquanto 16,5% das escolas com maioria de alunos brancos enfrentam as mesmas condições.

Falta de verde nas escolas e seu impacto

Mais de 43% das escolas de educação infantil não possuem áreas verdes em Natal. Nas capitais brasileiras, uma em cada cinco escolas não conta com praças ou parques em um raio de 500 metros, afetando mais de 1,5 milhão de alunos. Contrariando a percepção de que escolas particulares oferecem melhores condições, apenas 9% delas possuem mais de 30% de área verde em seus terrenos, contra 31% nas instituições públicas.

A ausência de áreas verdes é preocupante, especialmente considerando que 80% das crianças brasileiras vivem em centros urbanos. Estudos indicam que o contato com a natureza melhora aspectos como saúde, aprendizado, sociabilidade e bem-estar.

O gerente de Natureza do Instituto Alana, JP Amaral, enfatiza a importância de iniciativas voltadas para adaptar as escolas às mudanças climáticas. “A natureza deve ser fonte de saúde e aprendizado, e não uma ameaça. É preciso desconcretar a infância e adotar soluções baseadas na natureza, como jardins de chuva, captação de água e restauração da vegetação nativa”, afirma.

Para Maria Isabel Amando de Barros, especialista do Instituto Alana, a transformação das escolas deve incluir toda a comunidade. “As escolas, como polos de conhecimento, podem liderar a transição verde, promovendo educação ambiental e climática que prepare as crianças para o futuro”, conclui.

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