
Com mais de mil participantes de diversas regiões do Brasil e do exterior, o primeiro dia do Brazil Offshore Wind & Power-to-X (BOWPX 2025), realizado em Natal (RN), reforçou o protagonismo do país na transição para uma nova matriz energética e industrial. O evento, que segue até o dia 28 de maio, destacou o papel estratégico da energia eólica offshore e das tecnologias Power-to-X como motores de uma neoindustrialização sustentável.
Durante a abertura, especialistas, representantes do governo, empresários e pesquisadores foram unânimes ao afirmar que o Brasil reúne condições únicas para liderar essa nova fronteira energética: abundância de recursos renováveis, capacidade industrial latente e oportunidade de reposicionamento global com foco em produtos de baixo carbono, os chamados e-produtos.
“A energia renovável não pode ser apenas um produto de exportação; ela precisa impulsionar cadeias produtivas internas, gerar emprego, renda e valor agregado no Brasil, uma oportunidade histórica: transformar o Nordeste em um hub global de energia renovável e indústria verde,” afirmou o professor Mario González, idealizador do evento, referência no setor e líder do grupo Creation da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Essa proposta está alinhada ao conceito de neoindustrialização sustentável, no qual a energia limpa deixa de ser apenas fornecedora de eletricidade para se tornar matéria-prima estratégica de uma indústria descarbonizada. Entre os setores que podem se beneficiar estão siderurgia, agroindústria, petroquímica e produção de combustíveis alternativos.
Um dos focos centrais dos debates foi o avanço das tecnologias Power-to-X, que permitem a conversão da eletricidade renovável em produtos industriais, como hidrogênio verde, amônia, aço verde, fertilizantes e e-metanol. Especialistas defendem que essa cadeia produtiva será decisiva não apenas para reduzir as emissões da indústria, mas também para recolocar o Brasil como um ator competitivo no mercado global de e-produtos.
Contudo, os desafios também foram destacados. Entre os principais entraves apontados estão a necessidade de infraestrutura adequada – como portos, linhas de transmissão e armazenamento –, a criação de marcos regulatórios estáveis, incentivos para atrair investimentos privados, qualificação da mão de obra e parcerias internacionais para transferência de tecnologia e financiamento.
A programação do BOWPX 2025 segue com painéis técnicos, workshops e encontros entre setor público, academia e iniciativa privada. A expectativa é que o evento contribua para o desenho de uma política energética integrada, que una expansão renovável e reindustrialização de baixo carbono.
Mais informações estão disponíveis no site oficial.
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