
O Brasil recebeu 56.444 pedidos de refúgio entre janeiro e outubro deste ano, o equivalente a uma média de 185 solicitações por dia. Os dados foram divulgados pelo Observatório das Migrações Internacionais (ObMigra), uma iniciativa da Universidade de Brasília em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Entre os países com maior número de solicitantes estão Venezuela (23.129), Cuba (16.350), Angola (3.056), Índia (2.136) e Vietnã (1.914).
O volume representa um aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, que registrou 48.946 solicitações. Os estados brasileiros mais procurados por imigrantes foram Roraima, São Paulo, Amapá e Paraná.
Deslocamento forçado no mundo
O cenário global reforça a gravidade do deslocamento forçado. Em 2024, ao menos 120 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas devido a perseguições, conflitos, violência e violações de direitos humanos, segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). O número mais que dobrou nos últimos 11 anos, marcando um aumento de 100%.
Desde 1985, o Brasil reconheceu 65.811 pessoas como refugiadas, a maioria delas devido a graves violações de direitos humanos. Apesar disso, o tempo médio para análise e decisão sobre pedidos de refúgio no país é de 2,5 anos, conforme dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).
Em agosto, o governo brasileiro implementou alterações nas regras de entrada no país para conter o aumento do contrabando de imigrantes. Agora, passageiros sem visto de entrada no Brasil e com destino final em outro país devem seguir viagem ou retornar à origem.
“O Brasil virou rota de organizações criminosas que fazem contrabando de imigrantes e tráfico de pessoas”, informou o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em março, a Polícia Federal investigava 110 casos de tráfico de pessoas e 216 de contrabando de migrantes.
Crises em Venezuela e Cuba
A maioria dos solicitantes de refúgio no Brasil vem de países como Venezuela e Cuba, que enfrentam graves crises humanitárias, econômicas e políticas.
Na Venezuela, o governo de Nicolás Maduro é acusado pela ONU de crimes contra a humanidade, incluindo perseguição política, tortura e violência sexual. Em Cuba, a população enfrenta uma severa crise econômica, com escassez de alimentos, apagões elétricos e desvalorização da moeda.