Artista potiguar usa IA para recriar o passado e imaginar o futuro.
A sigla IA, que quer dizer Inteligência Artificial, foi eleita a palavra do ano de 2023 pelo dicionário Collins. O termo caiu na boca do povo com a popularização do ChatGPT, ferramenta de IA que realiza atividades de texto, como a criação de códigos, letras de músicas, receitas, poesias, entre outros artifícios.
Bem antes disso, ainda em 2020, durante o período sombrio imposto pela pandemia do coronavírus, o artista gráfico Ronkaly, mais conhecido nas redes sociais como Ronkalt, decidiu dar asas à imaginação e se desafiar com as novas ferramentas de IA para imagens.
Ronkalt conta que começou com algumas séries de “Antes e Depois”, na tentativa de reproduzir fotografias de locais das cidades de Natal e Currais Novos pelo mesmo ângulo em que foram tiradas para melhorar a experiência de comparação de quem via as imagens.
“Como algumas fotografias eram bem velhas comecei a tentar restaurá-las levemente e foi quando comecei a aprender a usar o Photoshop para isso. Já em 2021 evoluindo nas técnicas de restauro de fotos comecei a colorir fotos antigas e procurando novas ferramentas acabei caindo nos filtros neurais do Photoshop (que era uma espécie de inteligência artificial ainda que primitiva), foi aí que percebi que dava para alterar imagens com uma ferramenta de misturar paisagens”, diz o artista.
Foi quando ele decidiu confeccionar a série que “bombou” nas redes sociais, principalmente. Nesse caso, Ronkaly resolveu fazer nevar da cidade do sol e criou imagens dos principais pontos turísticos de Natal cobertos por neve.
“Como sempre achei engraçado que na época do natal as lojas enchem as vitrines com neve falsa logo na época de verão do nosso país tropical, e o fato que nossa cidade se chamar Natal, achei que a sátira visual seria perfeita: Natal, a cidade do sol, nevando em pleno verão”.
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Com seu aperfeiçoamento nas técnicas e nos conhecimentos nas ferramentas de IA, Ronkalt decidiu se divertir um pouco mais e surfar no hype causado pela chegada no inédito filme da Barbie. Foi daí que ele tirou a ideia para criar a série “Barbieverso Potiguar”, gerando imagens de personalidades potiguares e pedindo para que o público identificasse o personagem.
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Alguns dos personagens retratados na série foram as atrizes Alice Carvalho e Titina Medeiros, a banda Grafith, os cantores Alan Persa e Khrystal, o jornalista Murilo Meireles, o influencer Ivan Baron, o presidente Lula, a governadora Fátima Bezerra, entre outras personalidades do Rio Grande do Norte.
Agora, Ronkalt lançou uma a série “Nova Ribeira”, que traz imagens do bairro histórico da capital potiguar, reconhecido como antigo centro boêmio da cidade. Contudo, ele explica que esse não é um projeto novo. Segundo ele, foi iniciado ainda durante o período da pandemia.
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“Ainda em anos pandêmicos andando pela Ribeira tirei essas fotos e guardei para quando eu estivesse mais apto tecnicamente a realizar esse trabalho de restauração digital dos prédios utilizando Photoshop. Na época ainda não se falava tanto em IA.generativa de imagens. Com a evolução das técnicas e depois de estudar e praticar muito com vários estilos de Gen-AI consegui criar um padrão de confecção de imagens mais crível que eu queria então comecei a postar o resultado nas redes sociais”, diz ele.
Ele afirma ainda que não imagina que as novas imagens teriam tanta repercussão, mas percebeu que ver a cidade restaurada era um sonho de muita gente. Nas redes sociais, onde Ronkalty compartilha seus trabalhos, as pessoas deixam diversos comentários elogiando as peças gráficas.
“Triste é saber que uma revitalização dessa é perfeitamente possível, mas dificilmente sairá do papel. Espero estar errado. Em tempo: parabéns pelo trabalho”, comentou um de seus seguidores na terceira imagem da série, que sugere um bondinho na Ribeira.
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“Fazer esse sonho conjunto se tornar real, mesmo que no digital, faz as pessoas acreditarem mais e olharem para um objetivo em comum. Só isso já pode ser um passo inicial para tornar o sonho realidade”, externa Ronkaly.
Ele afirma ainda que a série Nova Ribeira foi a que mais gerou um retorno orgânico em suas redes, concentrando o maior número de compartilhamentos e interações com entusiastas da arquitetura. “Me surpreendeu! Não pensei que esse projeto fosse tão bem recebido pelos entendidos da área”, diz.
Sobre o papel dos seus trabalhos na sociedade, o artista disse que nunca chegou a pensar nisso, que era tudo feito como escape e exercício criativo, mas que hoje vê como uma forma de “fomentar a discussão e permitir a visualização de ideias, permitindo a economia de tempo e dinheiro público”.
“Sempre que saio para tirar fotos por lá eu costumo ir com minha esposa dirigindo, salto do carro em determinado ponto, tiro umas 3 ou 4 fotos e pulo para dentro do carro de novo. Infelizmente muitas regiões da nossa cidade são assim”, conta.
