
A partir de segunda-feira (26), entra em vigor a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A nova redação reconhece, pela primeira vez, que o ambiente de trabalho pode ser um fator determinante para o adoecimento mental dos colaboradores. A medida exige que as empresas incluam os riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), com prazo para adequação até maio de 2026, quando a fiscalização começará a ser realizada.
Até então, o PGR contemplava apenas riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. A atualização amplia essa visão, incorporando questões como sobrecarga de trabalho, assédio moral, pressão excessiva, falta de reconhecimento e a ausência de apoio emocional como riscos que precisam ser identificados, prevenidos e tratados. O objetivo da nova norma é promover uma abordagem mais ampla sobre saúde e bem-estar no ambiente laboral.
Para a psicóloga do trabalho Alda Silva, a alteração na NR-1 é um avanço significativo nas políticas de segurança e saúde ocupacional. “Os riscos psicossociais mais comuns estão ligados à organização e à gestão do trabalho. Isso envolve jornadas excessivas, microgestões estressantes, relações interpessoais desrespeitosas e cobranças excessivas. Tudo isso impacta diretamente na saúde mental dos colaboradores e, por consequência, na produtividade das empresas”, explica a especialista.
Alda, que é CEO do Nostrum Instituto de Psicologia, destaca que, embora seja impossível eliminar totalmente os riscos psicossociais, é possível gerenciá-los de forma estratégica. “Assim como lidamos com os riscos físicos, o objetivo é reduzir a probabilidade e a gravidade dos danos. Isso é alcançado por meio de mapeamento, monitoramento constante e, principalmente, pela sensibilização das lideranças, que são fundamentais para a promoção da saúde mental dentro das organizações”, afirma.
A adaptação à nova NR-1 também está em andamento em empresas como a Rui Cadete, que atua no setor de serviços contábeis e de gestão empresarial. A empresa iniciou o processo de mapeamento dos riscos psicossociais com foco na capacitação de suas lideranças e no fortalecimento das práticas de saúde mental. Para a diretora Liane Cadete, o tema já era tratado com seriedade na organização, e a nova norma proporciona uma oportunidade para formalizar e aprimorar as iniciativas.

“Para a Rui Cadete, a saúde mental sempre foi uma prioridade em nossos treinamentos e práticas diárias. A nova norma vem para consolidar esse cuidado no nosso planejamento estratégico. Queremos que nossas lideranças sejam as responsáveis por implementar e reforçar as ações voltadas ao bem-estar emocional. Mais do que atender à NR-1, estamos lidando com uma questão urgente e humana. As doenças psicossociais, por serem invisíveis, ainda enfrentam preconceito e desinformação. Por isso, é fundamental enxergar além do que é falado, observar com empatia e estar pronto para acolher as dores emocionais dos outros”, conclui Liane.
A NR-1 representa um passo importante para a saúde mental no ambiente de trabalho, e as empresas têm até maio de 2026 para se adequar às novas exigências, que visam um ambiente mais saudável e produtivo para todos os trabalhadores.
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