O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou apoio à Dinamarca diante das intenções reiteradas dos Estados Unidos em anexar a Groenlândia. A posição do chefe de Estado brasileiro foi expressa durante conversa telefônica com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, nesta sexta-feira (11), quando ambos discutiram temas da conjuntura geopolítica e assuntos bilaterais.
A declaração ocorre em meio a declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, que voltou a defender a incorporação da Groenlândia ao território dos Estados Unidos sob a justificativa de promover a segurança internacional. A proposta já foi rechaçada por autoridades dinamarquesas e líderes regionais da Groenlândia, que consideram a ideia uma forma de “interferência estrangeira”.
A Groenlândia, embora possua autonomia administrativa, continua economicamente atrelada à Dinamarca. Com uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados, sendo 80% coberta por gelo, a ilha tem grande importância estratégica no Ártico. A presença militar dos EUA na região remonta a 1951, por meio de um acordo de defesa com Copenhague.
Apesar de os principais partidos groenlandeses defenderem a independência em algum momento no futuro, nenhum deles apoia uma eventual vinculação aos Estados Unidos. A ilha também é alvo de interesse internacional devido a seus recursos naturais, embora atividades como a extração de urânio e a prospecção de petróleo estejam atualmente proibidas.
Durante a ligação, Lula reiterou o apoio brasileiro à integridade territorial da Dinamarca. “Ambos concordaram com a importância da defesa dos princípios do multilateralismo, especialmente no que diz respeito ao livre comércio”, destacou nota divulgada pela Presidência da República.
Outro ponto abordado foi a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, cujas negociações se estendem há mais de duas décadas. No segundo semestre deste ano, o Brasil assume a presidência temporária do Mercosul, enquanto a Dinamarca estará à frente do Conselho da União Europeia.
Lula também renovou o convite para que Frederiksen visite o Brasil no segundo semestre, tanto para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, quanto para a Cúpula Brasil-União Europeia, cuja data ainda será definida.
*Com informações de Agência Brasil
