Foi apresentado o primeiro Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE). O estudo aponta uma disparidade salarial de 19,4% entre homens e mulheres no Brasil, com variações de acordo com diferentes grupos ocupacionais.
Baseado em dados de 49.587 estabelecimentos com 100 ou mais empregados, o levantamento abrangeu empresas com, em sua maioria, 10 anos ou mais de existência, totalizando quase 17,7 milhões de trabalhadores.
O relatório mostrou que, em cargos de dirigentes e gerentes, a diferença salarial atinge 25,2%. Além disso, as mulheres negras são as mais afetadas, representando apenas 16,9% do total de vínculos no mercado de trabalho e recebendo remuneração média de R$ 3.040,89, correspondendo a 68% da média nacional. Em contrapartida, os homens não-negros recebem R$ 5.718,40, 27,9% acima da média. Isso resulta em uma diferença salarial de 66,7% em comparação com as mulheres não negras.
A coleta desses dados foi viabilizada pela Lei nº 14.611, que trata da Igualdade Salarial e de Critérios Remuneratórios entre Mulheres e Homens, sancionada em julho de 2023 pelo presidente Lula. Esta é a primeira vez que uma análise tão abrangente sobre a realidade remuneratória dos trabalhadores é apresentada.
O relatório revelou que mais da metade das empresas (51,6%) possuem planos de cargos e salários, utilizando critérios como proatividade (81,6%), capacidade de trabalho em equipe (78,4%), tempo de experiência (76,2%) e cumprimento de metas de produção (60,9%). No entanto, critérios como horas extras (17,5%) são mais favoráveis aos homens, uma vez que as mulheres enfrentam interrupções devido à licença-maternidade e às responsabilidades familiares.
Em relação às políticas de diversidade, apenas uma pequena parcela das empresas (32,6%) tem iniciativas de incentivo à contratação de mulheres. Esse número é ainda menor para grupos específicos, como mulheres negras (26,4%) e mulheres com deficiência (23,3%). No entanto, cerca de 38,3% das empresas afirmaram adotar políticas de promoção de mulheres a cargos de direção e gerência.
O levantamento trouxe ainda diferenças entre os estados brasileiros. O Distrito Federal, por exemplo, apresenta a menor disparidade salarial, com as mulheres recebendo apenas 8% a menos do que os homens. Em contraste, estados como São Paulo revelam uma diferença salarial de 19,1%, refletindo a média nacional.