Natal mais perto das discussões sociais ao redor do mundo - O Poti News

Natal mais perto das discussões sociais ao redor do mundo

Hub da Comunidade Global Shapers, do Fórum Econômico Mundial, pretende transformar jovens em agentes de transformação na capital potiguar

Comunidade reúne mais de 14 mil pessoas com idade entre 18 e 27 anos espalhados por mais de 150 países. Foto: Cedida.

Natal foi selecionada para receber um hub da Comunidade Global Shapers (GSC), iniciativa do Fórum Econômico Mundial que reúne mais de 14 mil pessoas com idade entre 18 e 27 anos espalhados por mais de 150 países. A comunidade tem como objetivo o inspirar, capacitar e conectar jovens líderes para que alcancem seu potencial máximo, influenciando processos de tomada de decisão e promovendo mudanças positivas em suas comunidades e no mundo.

A proposta aceita pelo Fórum foi feita por um grupo de três jovens da capital potiguar, que enxergam a iniciativa como “uma oportunidade para que a juventude natalense se una para promover impacto, explorando as lacunas que o nosso ecossistema possui para que possamos ser agentes de transformação para a comunidade em que vivemos”.

O Curador Fundador do novo hub da Global Shapers em Natal, Gustavo Alves, conta que descobriu a GSC quando morava em São Paulo, em 2022, onde eles já possuem mais de três hubs instituídos.

Na época, não haviam processos seletivos abertos, então, tive que engavetar um pouco a ideia. Depois de um tempo, voltei para Natal e, meses depois, tive o insight de montar um time de pessoas que eu já conhecia e que tinham, também, uma trajetória anterior no empreendedorismo e no Terceiro Setor, para que pudéssemos trazer um hub da GSC para cá”, explica ele.

Foi quando ele decidiu convidar os colegas Juliana Azevedo, que será a Oficial de Impacto do GSC Natal, e João Gabriel Rangel, que ocupa o cargo de vice curador, para se tornarem membros fundadores da comunidade na cidade do sol.

Da esquerda para a direita: Gustavo Souza, Juliana Azevedo e João Gabriel Rangel. Foto: Cedida.

Gustavo faz questão de ressaltar a relevância da iniciativa para o desenvolvimento da cidade. “Acho que o potencial de impacto da iniciativa em Natal gira em torno da mobilização futura de uma juventude inteligente e engajada para fazer mais pela comunidade, para se tornar parte ainda mais ativa das discussões importantes que acontecem na nossa cidade. É isso que queremos que aconteça”, afirma.

Ele explica que a partir do momento em que uma pessoa se torna membro do hub Natal, ela tem acesso imediato à rede da Global Shapers ao redor do mundo. Essa rede é composta por diversos dispositivos, como capacitações, eventos, oportunidades e contatos internacionais.

Além disso, Gustavo lembra que, por enquanto, o GSC Natal não conta com outros membros fora a direção, mas que em breve serão abertas as inscrições.

Por ser uma iniciativa nova, o grupo que será formado a partir de agora vai ter um papel fundamental na construção de quem seremos e de como iremos atuar por aqui, mas, a base que existe por trás da comunidade ao redor do mundo é sólida o suficiente para abrir portas e gerar conexões que nem imaginaríamos se não estivéssemos dentro desse grupo”, explica o curador fundador.

Conforme explicado por Gustavo, entrevista aO POTI, a ideia por trás do hub em Natal é “agregar backgrounds e vivências para que atuemos da forma mais orgânica possível, em cima de problemáticas observadas e sentidas pelos próprios shapers que irão compor o grupo”.

Além disso, a comunidade local vai analisar dados e estabelecer parcerias em busca de assertividade nas ações que serão promovidas.

Leia a entrevista completa com Gustavo Alves, curador fundador do hub Natal da Comunidade Global Shapers

O POTI – Quais são os principais objetivos e metas que vocês têm para o primeiro ano de funcionamento do hub em Natal? Quais são as estratégias planejadas para alcançar esses objetivos?

Gustavo Alves: Nos comprometemos com a Global Shapers, na abertura do hub Natal, a trabalhar para alguns entregáveis essenciais neste primeiro ano, sendo eles:

  • o desenvolvimento de ao menos um processo seletivo que integre ao hub um grupo de novos shapers diversos em atuação, raça, gênero e classe;
  • a execução de ao menos um projeto de impacto, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU;
  • e a eleição democrática da próxima curadoria que irá continuar o legado do nosso hub.

Estamos engajados em fazer ainda mais. Estamos no processo de aderir a alguns projetos nacionais em conjunto com outros hubs para que consigamos atuar de forma mais ativa na Comunidade, trazendo mais oportunidades e possibilidades para o nosso trabalho em Natal.

No momento, o nosso time de fundadores está focado em estabelecer a base cultural e documental do hub Natal, já que, em breve, receberemos os primeiros shapers da nossa comunidade local, que irão traçar, junto com a gente, os próximos passos do nosso trabalho por aqui.

O POTI: Como você planeja envolver os stakeholders locais, como empresas, organizações da sociedade civil e autoridades governamentais, no trabalho do Global Shapers Natal? Existe alguma colaboração específica que você espera estabelecer?

Gustavo Alves: Será importantíssimo o contato e a colaboração dos atores públicos e privados do ecossistema natalense com a nossa iniciativa em Natal. Em breve, divulgaremos como isso será feito, de forma prática. Adianto que contatos já estão sendo abertos e que, em caso de interesse de algum stakeholder local em saber mais sobre o nosso trabalho futuro e em como poderão se tornar parceiros do projeto, estamos disponíveis para tirarmos dúvidas e conversarmos mais sobre esse processo.

O POTI: Para os jovens potiguares interessados em se envolver com o Global Shapers Natal, quais são os critérios de seleção e como eles podem participar dos processos seletivos?

Gustavo Alves: Estamos construindo o nosso primeiro processo de seleção de novos shapers, previsto para ser lançado no mês de junho deste ano. Como já falei anteriormente, a Comunidade preza muito por grupos diversos que, em conjunto, possam, com suas diferenças, construir ações de impacto real na comunidade.

O principal critério de entrada na GSC, por regra adotado em todas as jornadas de seleção, é de que os shapers tenham idade entre 18 e 27 anos. Então, se você se encaixa nesse grupo etário, você já é qualificado ou qualificada para participar de um de nossos processos.

Por ora, os interessados em fazer parte do hub Natal, sugerimos que nos sigam nas redes sociais e que fiquem por dentro das novidades e das oportunidades que divulgaremos por lá nas próximas semanas.

O POTI: Você poderia compartilhar exemplos de projetos bem-sucedidos realizados por outros hubs da Comunidade Global Shapers ao redor do mundo? Como você espera que essas experiências possam inspirar os membros do hub em Natal?

Gustavo Alves: Formamos, mundialmente, uma comunidade de cerca de 14.000 pessoas. Então, anualmente, são realizados milhares de projetos nos mais de 154 países nos quais estamos presentes. Sabendo disso, cases legais não faltam!

O Hub de Ho, em Gana, por exemplo, melhorou o acesso à água limpa e segura utilizando tecnologia desenvolvida localmente e educação cívica. A comunidade de Ho foi educada sobre soluções para água potável, medidas básicas de saneamento e foi fornecida uma fonte de água sustentável por meio de um poço artesiano. Centenas de pessoas foram beneficiadas.

Já o Hub de Tel Aviv, em Israel, desenvolveu um grupo de apoio anônimo para pessoas que passaram por traumas, estão em terapia psicológica contínua e buscam um grupo de apoio sem exposição. O grupo oferece um espaço seguro para processar emoções ao lado de outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes.

Em suma, posso dizer que temos exemplos impressionantes de como operacionalizar projetos realmente importantes em Natal. O melhor de tudo é que estamos a apenas alguns cliques de distância das pessoas que os desenvolveram. Isso é incrível!

O POTI: Como você visualiza o impacto de longo prazo do Global Shapers Natal na cidade e na região? Quais são suas esperanças e sonhos para o futuro da iniciativa?

Gustavo Alves: Eu sou uma pessoa com o pé no chão, mas, quando olho para o Global Shapers Natal eu penso em legado. No que iremos deixar para a nossa comunidade, de forma prática.

Sei que a maior parte do que iremos promover não passará, necessariamente, pelas nossas mãos (do grupo fundador do hub), mas eu tenho esperança de ver, em um futuro próximo, a GSC em Natal sendo uma instituição com voz dentro do nosso ecossistema, reunindo uma juventude com vontade de fazer mais, recebendo e aproveitando as oportunidades que essa rede tem a oferecer e retornando elas para a nossa população, nas mais diferentes formas.

No geral, ter um hub da GSC por aqui, para mim, é ter também Natal mais perto das mais sérias discussões sociais ao redor do mundo. Isso significa muito!