Na jornada paterna, onde os sentimentos dos pais se entrelaçam às histórias individuais de seus filhos, destaca-se a influência marcante que a presença, o afeto e os exemplos podem trazer. A pesquisa “Retrato da Paternidade no Brasil”, comissionada pelo Boticário e realizada pela Grimpa, Consultoria de Pesquisa de Mercado e Consumer Insights, revelou um cenário em que pais estão redefinindo suas abordagens parentais, gerando narrativas inspiradoras que têm impacto real nas vidas de suas famílias.
Dados de 2022 da pesquisa evidenciam a importância que pais brasileiros entrevistados atribuem a ser modelos positivos para seus filhos. Entre os entrevistados, um número significativo já demonstra uma postura mais ativa em promover conversas sobre as diferenças sociais de gênero: 69% afirmam explicar aos filhos que tais diferenças existem e que é fundamental reduzi-las.
Quando se trata de conexão e afeto, 62% dos pais entrevistados compartilham que têm o hábito de beijar, abraçar e demonstrar carinho aos filhos sempre que possível. Adicionalmente, 59% afirmam discutir escolhas e suas consequências com os filhos, enquanto 57% revelam adotar o costume de proferir frases amorosas e incentivadoras.
Os resultados refletem um aumento na participação e envolvimento emocional no ato de paternar, mas um quarto dos pais (25%) ainda enfrenta dificuldades em dialogar sobre a educação dos filhos com outras pessoas. As principais razões para isso são a falta de necessidade percebida (68%) e desconforto (32%).
Enquanto 56% dos entrevistados declaram confiantemente serem ótimos pais, apenas 27% expressam o desejo de que seus filhos alcancem a felicidade, mesmo que isso signifique desviar do que originalmente idealizaram.
Paralelamente, os resultados apontam para uma mudança na percepção do papel paterno. Apenas 9% dos entrevistados se identificam como “pais provedores”, cuja principal responsabilidade é garantir o sustento da família. Em contraste, 50% se reconhecem como “pais participativos”, que acompanham o desenvolvimento de seus filhos de perto e estão sempre disponíveis.
Essas estatísticas demonstram uma transformação na abordagem dos pais em relação à paternidade, refletindo uma busca por conexão mais profunda, afetiva e envolvente. O papel do pai evoluiu para além das fronteiras tradicionais, consolidando-se como uma força de mudança e amor nas vidas das futuras gerações.
O POTI conversou com pais que relatam experiências tocantes que têm deixado uma marca profunda na vida de seus filhos, sustentando a crença de que a paternidade é, acima de tudo, um ato de amor e ensinamento.
Um legado de carinho e companheirismo
O músico e empresário Daniel Hedulo é um exemplo que mostra como os laços afetivos transcendem gerações. Seu relacionamento com o pai na infância foi pautado por momentos divertidos e carinhosos, e ele segue essa tradição com seu próprio filho.
“Minha relação com meu pai na infância foi ótima, ele sempre foi muito divertido e carinhoso. Hoje tenho meu filho e os princípios não mudaram muito. Sou extremamente carinhoso com ele”.
Daniel Hedulo, músico e empresário.
Enfrentando uma separação tumultuada de seus próprios pais em sua infância, Daniel se esforça para ser um pilar constante na vida de seu filho, transmitindo a mensagem de que sempre estará lá como um amigo fiel, independentemente das circunstâncias.
“Lembro de uma separação conturbada entre meus pais, e houve momentos que a distância foi inevitável entre Pai e Filho. Por isso, me faço extremamente presente na vida de meu filho Rafael. Mesmo não convivendo sob o mesmo teto sinto a necessidade de transparecer para ele que serei sempre seu fiel e melhor amigo independente dos rumos de nossas vidas”.
Daniel Hedulo, músico e empresário.
Desafiando convenções de gênero
Os laços entre pais e filhos possuem um poder transformador, moldando não apenas o presente, mas também o futuro das próximas gerações. Weverton Pessoa, engenheiro, viveu essa transformação em sua própria jornada. Criado em meio à separação de seus pais, ele compreende a importância vital da presença contínua na vida de sua filha, Sofia. Além disso, ele desafia os estereótipos convencionais da masculinidade, apontando para uma mudança crescente de mentalidade.
“Homens são ensinados que não podem demonstrar o que sentem, que é coisa de mulher se dedicar aos filhos e isso tende a nos fazer perder muitos momentos fantásticos com os filhos. A boa notícia é que essa tendência tem mudado muito, pelo menos no meu círculo de convivência”.
Weverton Pessoa, engenheiro.
A determinação de Weverton em proporcionar a Sofia proximidade e compreensão revela que a paternidade vai além de padrões preestabelecidos, e que o afeto e a presença paternos podem moldar a personalidade de uma criança de maneira profunda e positiva, destacando uma mudança cultural significativa e saudável nas percepções sobre o papel do pai.
Transmitindo valores essenciais
Já Valdiery Araújo, farmacêutico, traz à tona uma história de parceria e orientação, reforçando que a paternidade é uma jornada de crescimento mútuo e aprendizado. Seu relacionamento com seu pai sempre foi fundamentado na conversa, orientação e respeito, construindo um vínculo de confiança e amizade. Valdiery destaca a importância de valores sólidos ao moldar o caráter de um filho, contrapondo-se aos estereótipos de masculinidade que enfrentou na adolescência.
“Meu pai sempre foi um grande parceiro pra mim e eu busco representar o mesmo pra André, meu filho. Quero poder ser essa pessoa pra ele, uma pessoa que ao invés de dizer sim, possa apresentar o porquê o sim e o porquê o não, qual a visão, quais os conceitos, quais as justificativas para uma decisão”.
Valdiery Araújo, farmacêutico.
Histórias como a de Daniel, Weverton e Valdiery retratam a evolução da paternidade. Demonstram que a presença, o afeto e o exemplo transcendem qualquer rótulo, moldando o curso das vidas que tocam. Essas narrativas inspiradoras ecoam como lembretes poderosos de que o ato de ser pai é, acima de tudo, um compromisso de amor e influência.