
Uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) apontou o envolvimento de um policial militar do Rio Grande do Norte em um esquema milionário de fraudes em concursos públicos. O inquérito, divulgado neste domingo (5) pelo portal Metrópoles, indica que o PM Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior teria utilizado uma clínica odontológica em Patos (PB) como fachada para lavagem de dinheiro obtido por meio das irregularidades.
De acordo com o relatório da PF, Ariosvaldo, lotado na Polícia Militar potiguar, era um dos principais articuladores financeiros do grupo criminoso, que transformou concursos federais em uma fonte de lucro, garantindo aprovações fraudulentas para familiares de um ex-policial militar do Nordeste.
O ex-PM Wanderlan Limeira de Sousa é apontado como o líder do esquema, ao lado dos irmãos Valmir Limeira de Souza e Antônio Limeira das Neves, do filho Wanderson Gabriel de Brito Limeira e da sobrinha Larissa de Oliveira Neves. Cada integrante desempenhava funções específicas, desde o recrutamento de candidatos até o repasse de gabaritos e o gerenciamento do dinheiro ilícito.
A sobrinha Larissa chamou atenção ao optar por fazer a prova do Concurso Nacional Unificado (CNU) em Patos (PB), embora resida em São Paulo. A escolha levantou suspeitas de manipulação, já que o exame não era regionalizado. Já Antônio, agente penitenciário em São Paulo, foi identificado entre os inscritos no concurso da Polícia Federal de 2025, o que indica a tentativa do grupo de infiltrar-se na própria instituição responsável pela investigação.
Segundo a PF, Wanderlan e Valmir foram aprovados no CNU de 2024 para o cargo de auditor fiscal do trabalho, uma das funções mais disputadas do país, com salário inicial acima de R$ 22 mil. Larissa também aparece entre os aprovados.
O histórico de Wanderlan Limeira inclui acusações por homicídio, roubo majorado, uso de documento falso, peculato, concussão e abuso de autoridade. Mesmo com esse passado, ele teria conseguido acesso a cargos públicos de destaque, incluindo uma aprovação anterior em concurso do Banco do Brasil.
Os inquéritos apontam que o grupo fraudou ou tentou fraudar concursos de órgãos como:
- Caixa Econômica Federal
- Banco do Brasil
- Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
- Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas
- Polícia Federal
Cada aprovação obtida de forma ilícita, segundo a investigação, poderia gerar prejuízos milionários aos cofres públicos, considerando os anos de remuneração e benefícios pagos a servidores que ingressaram de maneira irregular.
Para a Polícia Federal, o caso representa um grave risco à integridade do serviço público, pois pessoas sem qualificação podem ocupar cargos estratégicos em áreas sensíveis como segurança, fiscalização tributária e sistema financeiro. O inquérito segue em andamento, e os investigados podem responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro e fraude em concurso público.













