
Nesta terça-feira (18), o Senado Federal promoveu uma sessão solene em celebração aos 40 anos da redemocratização do Brasil. O evento ocorreu em meio a intensos debates na Câmara dos Deputados sobre um projeto de lei que visa anistiar os acusados de tentativas de golpe de Estado no país.
O ex-presidente Jose Sarney (MDB), o primeiro a assumir a presidência após o fim da ditadura civil-militar, foi o principal homenageado. Sarney, reconhecido por seu papel crucial na redemocratização, criticou os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, clamando por um golpe militar.
“Hoje, o Senado é uma instituição forte, apesar de ter sido vítima daquele vandalismo condenável do dia 8 de janeiro”, declarou.

A cerimônia também prestou tributo a Tancredo Neves, que foi o primeiro presidente eleito na nova fase democrática, mas faleceu antes de assumir o cargo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), enfatizou que o atual projeto de anistia não reflete os interesses da sociedade, ressaltando a importância do compromisso com a democracia.
“A democracia não se sustenta sem diálogo, sem respeito às instituições e sem o compromisso diário com a pluralidade e a harmonia entre os Poderes. Que esta sessão sirva não apenas para relembrar o passado, mas para reafirmarmos nosso compromisso com o futuro do Brasil, com o fortalecimento da democracia”, afirmou.
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado, alertou sobre a persistência do autoritarismo no país. “A luta pela democracia é uma luta constante, diária – o monstro não está exterminado daqueles que pensam que outro regime pode ser instalado no Brasil e em outros países do mundo”, disse.
O líder do MDB, senador Eduardo Braga (MDB-AM), destacou que a sessão contou com a participação de oito partidos, o que demonstra um apoio à construção de diálogos. “A política da construção de pontes, e não de muros de silêncio, de discórdia e de enfrentamentos, que apenas servem para dividir e enfraquecer”, ressaltou.
Enquanto isso, na Câmara, a assessoria do presidente Hugo Motta informou que ele não compareceria ao evento, embora sua presença estivesse prevista. Motta, pressionado a discutir a anistia, já havia afirmado anteriormente que não houve tentativa de golpe em 8 de janeiro. Este posicionamento foi feito antes de a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncias contra 33 pessoas, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, por sua suposta participação em uma trama golpista.
A PGR alega que esta conspiração visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e incluía planos de assassinato contra ele e outras figuras importantes. Os acusados negam as alegações, enquanto o STF se prepara para analisar os pedidos da defesa de Bolsonaro.
Nesse contexto, aliados do ex-presidente estão pressionando por uma aprovação rápida da anistia aos envolvidos nos eventos de janeiro. Recentemente, um ato em Copacabana, que contou com a presença de Bolsonaro e de apoiadores, pediu a anistia para os que participaram da tentativa de golpe.
*Com informações de Agência Brasil