A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN) realizou, na tarde de ontem (12), uma audiência pública para tratar sobre os preços da gasolina no Rio Grande do Norte, já que o estado é produtor de petróleo e tem a gasolina entre as mais caras do país.
Em sua fala, o gerente de novos negócios da 3R Petroleum, Kim Pedro, explicou que a refinaria Clara Camarão, localizada em Guamaré, não tem capacidade para transformar o petróleo bruto em gasolina e diesel.
“A nossa refinaria só produz Querosene de Aviação. Ao processar o petróleo, os produtos e quantidades geradas são: 7% de Nafta (NDD); 11% de querosene de aviação; 16% de diesel com alto teor de enxofre (que não é o que consumimos); e 66% de óleo combustível (que é um preto, viscoso, destinado a grandes embarcações e motores específicos). Portanto, o único produto que conseguimos entregar de maneira pronta ao mercado é o querosene de aviação. Os demais dependem totalmente da importação e da cadeia logística de abastecimento internacional”, detalhou.
Já sobre a formação de preços da companhia, Kim Pedro esclareceu que estão incluídos os componentes de commodities (diesel ou gasolina dos mercados de origem, que podem ser Estados Unidos ou Europa); a logística internacional (frete marítimo), para que o produto saia da origem e chegue ao terminal de Guamaré; a cotação do dólar ou euro; e os custos de internalização.
Além disso, ele demonstrou, através de gráficos, que houve crescimento na demanda brasileira por diesel e gasolina, além da capacidade de refino existente no País, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
“Desde junho, quando a 3R adquiriu o Polo Potiguar e o ativo industrial de Guamaré, nós tivemos uma oscilação na ordem de 30% no custo do diesel, no mercado internacional; e de 15% no preço da gasolina; os fretes aumentaram entre 30 e 48%. Portanto, esses são os principais fatores que lastreiam os contratos da 3R com as distribuidoras para a formação de preço, e esse procedimento pode ser consultado no nosso site, semanalmente”, concluiu.
O deputado estadual Ubaldo Fernandes (PSDB) disse que é necessário estabelecer um canal de comunicação com a companhia a fim de monitorar os preços e discutir medidas.
“A transparência também é um ponto relevante, para que os consumidores entendam melhor como são calculados os valores envolvidos no processo. Nós precisamos ainda analisar a carga tributária e, após isso, verificar maneiras de diminuição dos preços”, declarou o deputado.
Já a deputada Isolda Dantas (PT) disse que é necessário construir alternativas para lidar com os constantes reajustes no valor da gasolina no Rio Grande do Norte.
“Hoje, nós temos a gasolina mais cara do País, o que trouxe indignação para a população e muitos questionamentos a nós, parlamentares. Mas como isso pode acontecer, se temos uma refinaria própria? Isso tudo e muito mais a gente quer saber hoje, para podermos apresentar essas respostas para a sociedade e construir alternativas para sairmos dessa situação”, concluiu.