Não importa em qual perfil ela se encaixe, a mãe sempre busca o melhor para os filhos. Ela pode ser mãe coruja, mãe aventureira, mãe antenada, mãe fitness, mãe brincalhona, mãe vaidosa e, até mesmo, ser todas em uma só, pois só ela tem a força para lutar e enfrentar qualquer que seja a barreira para proteger a sua cria.
As dificuldades para se ser uma mãe são inúmeras e muitas vezes começam antes mesmo de conceber, como é o caso de Lidiane Vasconcelos, que desde menina sonhava em ter três filhos. No entanto, ela conta que ao chegar na idade adulta tentou engravidar durante nove anos e nunca conseguiu, inclusive foram três tentativas de inseminação artificial que também não deram certo.
Mas ela não desistiu e, ao lado do marido, decidiu que era hora de adotar, se tornar mãe de crianças geradas no coração.
“Quando vi o meu primeiro filho pela primeira vez, nem lembrava que ele não tinha saído de mim. Eu sentia todo o amor, todo o medo, toda a insegurança e a maior certeza de que naquele segundo a minha vida tinha mudado, eu tinha me tornado a mulher mais feliz do mundo”, diz ela, que hoje é mãe de Lucas e Bruno, de 15 e 13 anos, respectivamente.
Diferente do que aconteceu com Lorayne Mahara, que sempre teve planos de ser mãe em algum momento de sua vida, mas acabou acontecendo por uma gestação não planejada. E, mesmo assim, realizando um sonho sem planejamento algum, ela diz que ser mãe é uma dádiva.
“A maternidade ultrapassa as dificuldades que a gente enfrenta, por que ela dá a força para você enfrentar o que quer que seja. O propósito é maior que você”.
Entretanto, apesar de ser uma tarefa gratificante, elas contam que o ser mãe traz também muitas dificuldades e exige uma dedicação diferenciada a cada obstáculo e fase da vida dos filhos.
Lorayne, por exemplo, conta que seu filho Arthur, hoje com sete anos de idade, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ano de 2021, me meio à pandemia do coronavírus. Ela diz que a batalha pelo diagnóstico correto durou cerca de três anos.
“Chegar ao diagnóstico por si só já foi um desafio. Era muito difícil conseguir boas avaliações pelo plano de saúde, tivemos que procurar a rede privada e pagar altos valores para descobrir de forma correta o que ele tinha”.
Já para Lidiane, o primeiro empecilho aconteceu durante o processo, já que foi uma adoção direta, quando a mãe biológica decide “dar” a criança a uma pessoa específica. “O processo foi muito longo, por muitas vezes difícil. Mas Passou!”, diz ela, aliviada.
Para além de todas as adversidades, existe ainda o preconceito, vivenciado pelas duas famílias dia após dia, de formas e por causas diferentes, mas com o mesmo efeito: a dor.
Lidiane confessa que já cansou de rebater todos os comentários insensíveis sobre o ato de adoção.
“Ouvimos muitas bobagens e pequenez, do tipo: ‘ah, não adoto porque tenho medo que dê para marginal!’, ‘não adoto porque não sei a origem’. Coisas que por muito tempo perdi tempo em responder. Hoje em dia digo: ‘adote não. Você não está preparada (o)’”.
“Tem que ter amor no coração seja para adotar ou mesmo para gerar, porque a adoção não deixa de ser uma forma de gerar também, mas no coração”.
Com Lorayne não é diferente, ela afirma que por causa das limitações sociais e dos estereótipos que cercam o TEA, a sociedade geral tem a tendência de querer colocar as crianças com o diagnóstico em caixinhas.
“A sociedade pega um padrão específico: ou esperam que o meu filho seja superinteligente, tenha altas habilidades em algumas coisas; ou que ele seja uma criança que vive só no mundo dele, que não interage com ninguém, que não olha no olho. É difícil explicar para a sociedade o quão complexo o autismo é”.
Todavia, o amor materno é imensurável e ultrapassa qualquer obstáculo imposto, permitindo que cada mãe sonhe e planeje um futuro brilhante para os seus.
“Meu maior sonho é que eles continuem sendo pessoas de caráter e que reproduzam o amor que receberam de mim e de toda a família, com as pessoas e com os filhos deles se os tiverem. Que eles tenham absolvido o que eu e o pai os ensinamos, que eles reproduzam todo o conhecimento e bondade, todo o respeito e tudo de melhor que eu e o pai demonstramos a eles. Que se tornem homens de coração bom e que se realizem como pessoas e profissionais, que gostem de ajudar assim como nós”. – Lidiane Vasconcelos, mãe de Lucas e Bruno.
“O meu maior desejo para o futuro do meu filho é que ele se desenvolva, que ele seja independente, que ele realize os sonhos que ele puder sonhar. Que ele consiga desejar algo da cabecinha dele. O meu sonho é que meu filho consiga realizar as coisas sozinho, morar sozinho, trabalhar, se deslocar do trabalho, para jogar e escrever sozinho, de forma independente”. Lorayne Mahara, mãe de Arthur.