O município de João Câmara fez história ao reconhecer a língua Tupi-nheengatu como cooficial. Essa língua, descendente direta do tupi antigo, passa a compartilhar o status jurídico com o português, permitindo que serviços públicos e documentos oficiais sejam oferecidos em ambos os idiomas. A medida foi oficializada após a sanção do projeto de lei, publicada recentemente no Diário Oficial.
A cooficialização da língua Tupi-nheengatu reflete um esforço importante para preservar e fortalecer o patrimônio linguístico dos povos indígenas, especialmente do território Mendonça, a maior comunidade indígena do estado. O reconhecimento da língua vai além de questões administrativas, representando um ato de valorização das tradições culturais e históricas que fazem parte da identidade do povo local.
Além de estar presente em nomes de lugares, pessoas e espécies na região, o tupi tem uma influência profunda no vocabulário e expressões do português brasileiro, particularmente no Nordeste. A cooficialização reforça a importância de resgatar e manter vivas essas influências, que permanecem enraizadas na cultura local. Esse processo de revitalização da língua tupi-nheengatu em João Câmara segue uma tendência global de ressurgimento e fortalecimento de idiomas nativos, que vêm ganhando reconhecimento e importância em várias partes do mundo.
A sanção da lei acontece em um contexto significativo, já que nesta semana é comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. No Rio Grande do Norte, diversos grupos indígenas ainda lutam pelo reconhecimento de seus direitos e pela preservação de suas culturas.