A doença de Alzheimer é uma das enfermidades que atinge mais idosos no Brasil e no mundo, chegando a 55 milhões, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Pensando nisso, a Associação Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer instituiu o dia 21 de setembro como data oficial para debater o tema e conscientizar a população e autoridades.
A simples possibilidade de um diagnóstico de Alzheimer, tende a afligir idosos e seus familiares. As preocupações são instantâneas, já que a doença é fatal e não possui cura. Além da morte, o principal temor é a fase em que ela está em avanço no cérebro, onde o paciente passa a perder a memória, habilidade cognitiva e a capacidade de se relacionar normalmente com as pessoas do seu entorno.
Segundo dados Ministério da Saúde, cerca de 1,2 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência no Brasil e aproximadamente 100 mil novos pacientes são diagnosticados todos os anos. Cada um desses casos, representa não só um brasileiro, mas toda uma família que sofre, tendo que lidar com as dificuldades do avanço da doença, muitas vezes sem qualquer tipo de apoio ou preparação.
Um dos motivos, é a falta de maiores informações e debates sobre o Alzheimer na sociedade, como explica o médico Belisio Neto, especialista na saúde de pessoas idosas: “A doença, embora tenha dados de crescimento alarmantes e impactos sociais, financeiros e de sobrecarga familiar, ainda não está na pauta de discussões familiares, nas políticas públicas e até mesmo dentro das universidades”, afirma, revelando uma omissão das autoridades médicas e governamentais quanto ao assunto.
Segundo o especialista, uma das principais razões para essa conjuntura, é que a realidade da pessoa idosa ainda não tem a devida atenção no Brasil. A pirâmide etária do país sempre demonstrou uma presença maior de pessoas jovens e adultas, mas agora, com os avanços da medicina, o brasileiro vive cada vez mais. Porém, as esferas governamentais não estão acompanhando essas mudanças:
“As políticas públicas relacionadas à pessoa idosa ainda estão engatinhando, haja vista o processo de envelhecimento populacional ser relativamente novo. Especificamente quanto ao Alzheimer, temos medicamentos fornecidos pelo SUS, mas a assistência multiprofissional e apoio aos familiares é bastante precária”, conta o doutor Belisio.
E é nessa conjuntura que a vida dos pacientes de Alzheimer se torna ainda mais difícil. Sem acesso aos tratamentos ideais e acompanhamento dos profissionais capacitados, milhares deles acabam tendo suas necessidades negligenciadas. É daí que surge a importância de ter um momento especial, onde a comunidade médica volte a sua atenção para o assunto:
“A semana do Alzheimer será um momento não só para conscientizar e sensibilizar a sociedade para o impacto da doença , mas para treinar profissionais de saúde da região e estudantes bem como os cuidadores de pacientes”, explica Belisio Neto.
Para o médico, é necessário estar bem preparado profissionalmente e mentalmente para lidar com o Alzheimer. Para a família dos idosos, o ideal é ter muita informação. E para todos que convivem com pacientes da doença, o amor é peça chave: “Só cuida quem ama, portanto o amor é essencial. Os cuidadores precisam cuidar da própria saúde, o estresse do cuidador é muito prejudicial para o tratamento. Também é importante as famílias buscarem informações em fontes confiáveis e trocar experiências com outras famílias que tem na família alguém com Alzheimer”, defende.
Raro e temido: o Alzheimer precoce em quem ainda está na fase adulta
Apesar de atingir com mais frequência pessoas que têm a partir dos 65 anos, o Alzheimer também pode ser apresentado em pacientes mais jovens, a partir dos 30 anos de idade. Segundo a OMS, cerca de 3,9 milhões de pessoas que têm entre 30 e 64 anos, têm a doença de Alzheimer. Casos onde o paciente tem menos de 40 anos são os mais raros.
Médicos e cientistas ainda não entendem o que causa o surgimento prematuro dos sintomas, mas é importante estar atento, pois se diferencia dos convencionais apresentados em idosos. Enquanto a perda de memória é o primeiro indicativo em pacientes de idade avançada, nos casos precoces do Alzheimer, o indivíduo tende a sofrer com falta de atenção, piora da consciência espacial e ansiedade.
Apesar de os sintomas serem mais brandos que em pessoas mais velhas, a tendência é que com os anos, haja piora significativa no quadro.
O livro “Para Sempre Alice”, da escritora Lisa Genova, que foi adaptado para os cinemas com roteiro e direção de Richard Glatzer e Wash Westmoreland, acompanha a história da doutora Alice Howland, uma professora de linguística de 50 anos, que começa a apresentar sintomas e é diagnosticada com a doença. Interpretada por Julianne Moore, que venceu o prêmio de Melhor Atriz no Oscar por sua atuação no filme, Alice e sua família precisam lidar com a descoberta da doença.