O cabo do Corpo de Bombeiros Militar, Rafael Chaves, entrou pela primeira vez em uma casa de recuperação para tratamento de dependentes químicos em 2017. A intenção era ajudar levando cestas básicas, produtos de limpeza e algumas roupas para doar. No entanto, o bombeiro se deparou com uma realidade que o tocou profundamente: homens sem expectativas de um futuro melhor, sem esperança e indiferentes à vida.
Muitos desses homens tiveram seu primeiro contato com as drogas ainda na adolescência, quando abandonaram seus estudos, suas vidas e famílias.
“A maioria deles não possui qualificação profissional e não concluiu os estudos. Após nove meses de tratamento, eles voltavam para a sociedade, procurando qualquer emprego que lhe pudesse trazer dignidade, mas infelizmente a maioria não conseguia trabalho”, contou Rafael.
Sem oportunidade de inserção em um ambiente de trabalho e com a falta de dinheiro para se manterem, vinham também o desanimo, a tristeza, a baixa autoestima e algumas vezes até a depressão, chegando em casos extremos de tentativas de suicídio. Muitos deles voltavam para as drogas, em seguida, novamente para uma casa de recuperação, e dava-se início a um novo ciclo sem perspectivas.
Foi nesse cenário que Rafael Chaves, em um ato altruísta, decidiu empreender esforços para proporcionar uma mudança verdadeira na vida desses homens em reabilitação. Ele idealizou um projeto para oferecer cursos e especialização gratuitos como uma forma de proporcionar uma profissão e perspectiva de vida a essas pessoas.
Assim, no dia 15 de junho de 2019 surgiu o projeto Recuperando Vidas para Salvarem Vidas – RESALVI, que tem como missão central a recuperação de dependentes químicos, guiando-os de volta à sociedade e ao mundo do trabalho.
A área de atuação escolhida para esses cursos de qualificação está diretamente ligada a formação do fundador. Rafael é Cabo do Corpo de Bombeiros Militar do RN, foi Sargento do Exército Brasileiro, possui especializações em táticas de combate a incêndio, salvamento em altura, é instrutor de combate a incêndio, de técnicas verticais e primeiros socorros.
“Diante tudo isso, encontrei na minha profissão uma forma de ajudar essas pessoas compartilhando com eles um pouco do meu conhecimento”.
Ao lado de seus amigos e parceiros de projeto, Jorge Francisco Pereira, Pedro Luiz Barros de Holanda, Robson Martins da Silva e Cláudio Gomes de Oliveira, atualmente o RESALVI oferece a dependentes químicos em recuperação de Parnamirim diversos cursos gratuitos de qualificação profissional, dando a eles uma nova chance na vida.
Oferecendo formações em combate a incêndio, primeiros socorros, NR-35 e técnicas verticais (rapel urbano), o RESALVI utiliza uma abordagem pedagógica abrangente, envolvendo aulas teóricas, oficinas práticas e dinâmicas de grupo. Além disso, integra as famílias e a comunidade no processo, fortalecendo os laços familiares e a consciência cidadã dos participantes durante a entrega dos certificados.
A duração de cada curso é de um mês, sendo assim, os instrutores do RESALVI permanecem por quatro meses em cada clínica, dedicados a aproximadamente 50 residentes. Por ano, o projeto beneficia cerca 150 pessoas, que tem suas realidades transformadas e perspectivas de vida restauradas.
“Adotamos esse método porque está diretamente ligado ao período de abstinência, que dura em média 3 meses. Quando eles vencem esse prazo, já se sentem mais incentivados a permanecer pelo período restante da reabilitação, que leva nove meses”, relatou Cláudio Oliveira, um dos instrutores do projeto.
O treinamento ocorre nas próprias clínicas de recuperação, onde os residentes estão em tratamento, e também em locais parceiros. Todos os envolvidos no processo são voluntários e os gastos para arcar com as despesas são custeados pelos próprios treinadores. Eles são responsáveis pela compra de extintores, bujões de gás, gasolina para deslocamento, fardas e camisetas para os alunos.
O projeto oferece a oportunidade de explorar diferentes áreas do mercado de trabalho, preparando os residentes para uma nova vida. E, por fim, orienta quanto aos aspectos legais relacionados às responsabilidades do brigadista.
Os resultados já estão sendo observados na prática. As casas atendidas pelo RESALVI registram menos evasão, ou seja, os internos estão ficando mais tempo no programa de reabilitação por se sentirem mais motivados. Alguns locais já a constataram 100% de conclusão do programa por um grupo completo. Evasão zero.
“A gente percebe que consegue impactar positivamente a vida dessas pessoas. Muitos deles começam o curso com a gente sem documentos e sem nenhuma esperança de futuro. E eles estão saindo com documentos, diplomas e capacitados para o mercado de trabalho. É uma nova realidade”, comemora o instrutor Cláudio.
“É importante destacar que a reintegração de um dependente químico em abstinência no mercado de trabalho é um processo extremamente sensível. Muitas vezes, essas pessoas enfrentam portas fechadas, preconceitos e desafios que parecem insuperáveis. No entanto, a força de vontade e o desejo de mudança são visíveis em cada participante”, afirma Rafael Chaves.
Após quatro meses de dedicação e aprendizado, o projeto celebra um momento especial: a entrega dos certificados. É um evento emocionante, onde amigos e familiares dos residentes se reúnem em um café da manhã festivo para reconhecer e homenagear os esforços de seus entes queridos na jornada rumo à recuperação.
Os certificados são concedidos apenas aos participantes que completam o tratamento até o final, demonstrando comprometimento com sua própria recuperação. Os certificados são homologados pelo militar do Corpo de Bombeiros, Rafael Chaves, devido à sua habilitação profissional e capacitação. Isso confirma o compromisso do projeto com a qualidade e a integridade do treinamento oferecido.
O Projeto RESALVI vai além do combate às drogas, é uma expressão de compaixão, determinação e crença na capacidade do ser humano, uma luz de esperança para aqueles que lutam contra a dependência química. Ele não apenas oferece habilidades práticas, mas também restaura a autoestima e a dignidade de indivíduos que, por muito tempo, foram marginalizados.
Como contribuir?
O projeto disponibiliza telefone de contato e dados bancários para doações.
Banco inter, Ag 0001, Cc 88254216, CNPJ 35.077.750/0001-79; Nome: Gisele Kelianne Santos de Lima, CPF 013.202.811-50.
Chave PIX CNPJ 35.077.750/0001-79
Para mais informações: (84) 9 9964 9469