Neste sábado (3), uma ação da Polícia Militar causou temor na Favela do Japão, no bairro de Quintas, em Natal. O projeto Balé da Ralé, que faz parte da associação “Meu Sonho de Balé” e realiza uma série de ações educacionais e de caridade com dezenas de crianças da comunidade, foi surpreendido com a chegada de policiais armados no espaço externo, onde aconteciam atividades da sua colônia de férias.
Segundo Saryne Fernandes, organizadora do projeto, a chegada dos policiais foi inadequada, causando desespero em todos os presentes e interrompendo as atividades: “Quando os policiais chegaram ao projeto, informamos que era uma ação do projeto onde só tinham crianças e mesmo assim, apontaram armas para as crianças e quiseram entrar no projeto. Os voluntários tentaram acalmar as crianças, encaminhando todos para a sede, elasficaram muito assustadas, algumas passaram mal e os responsáveis também. Um de nossos voluntários foi abordado e revistado”, conta. O momento foi compartilhado através das redes sociais do projeto:
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Ainda segundo a organizadora, o ocorrido acabou criando um temor nos participantes do Balé da Ralé, que agora, estão receosos em participar de atividades futuras: “Sem dúvidas nosso trabalho vai ser afetado, muitas crianças já relatam que não querem mais ir ou projeto, o que nos deixa muito tristes por sabermos o impacto que o Balé na Ralé tem na comunidade e na vida de nossas delas. As crianças, voluntários e responsáveis ficam traumatizados”, explica. Além da abordagem truculenta, moradores relatam que os agentes de segurança tentaram impedir registros da ocorrência, o que é um direito respaldado pela lei.
O ocorrido pode ter um impacto negativo na realidade da comunidade, já que o projeto tem uma série de serviços importantes, listados por Saryne: “O projeto faz um trabalho de educação, cultura, esporte e lazer, oferecendo aulas de reforço escolar, ballet clássico, capoeira, hip-hop e inglês, atividades como a nossa colônia de férias e espetáculos na comunidade e fora dela, além de que já entregamos mais de 5000 cestas básicas. Com essas ações [da polícia], ficamos privados de fazer atividades de cultura e lazer para a comunidade, até mesmo de realizar ações sociais”, alerta, apontando para a importância deste tipo de ocupação na infância e juventude.
Com o ocorrido e o possível afastamento de alguns dos participantes, uma demanda já existente do projeto se tornou ainda mais urgente. Para realizar as ações de maneira mais segura, o Balé da Ralé precisa reformar a sua sede, permitindo mais atividades internas. De acordo com Saryne, apesar da vontade de concluir as obras, o impedimento das atividades ao ar livre é frustrante: “Precisamos de ajuda para a reforma, para que possamos realizar as atividades de forma mais segura, mas é triste precisar estar de portas fachadas para poder realizar as atividades”, argumenta.
Aqueles que desejam ajudar o Balé da Ralé podem colaborar com materiais de construção e envio de dinheiro através do Pix da instituição (Pix:45.322.227/0001-91). Para mais informações, acompanhe o projeto através das redes sociais.