Um estudo da equipe de análise do banco Santander aponta que, em 2024, as perdas de brasileiros em plataformas de apostas online podem alcançar entre R$ 24,7 bilhões e R$ 35,9 bilhões. Esses valores representam de 0,2% a 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, estimado em R$ 11,5 trilhões pelo banco. Os cálculos consideram o montante gasto pelos apostadores, os prêmios pagos, e as taxas recolhidas pelo governo brasileiro.
“Varejo, bens de consumo, instituições financeiras, educação, saúde e shopping são os setores que devem sentir os maiores impactos”, diz o banco em relatório divulgado nesta sexta-feira (25). “Entre as instituições financeiras, as preocupações estão centradas no nível de endividamento da população de baixa renda, já que níveis altos de endividamento podem levar a taxas mais altas de inadimplência.”
Para chegar a essas conclusões, a análise utilizou duas fontes de dados: o balanço de pagamentos, que monitora todas as transações financeiras entre o Brasil e o exterior, e a base de dados do Banco Central, que engloba informações do setor financeiro nacional.
De acordo com o balanço de pagamentos, o estudo mostrou que, nos 12 meses até agosto, brasileiros enviaram ao exterior R$ 71,3 bilhões para apostas, valor 8% superior ao registrado no ano anterior. Já os prêmios recebidos no mesmo período somaram R$ 45,5 bilhões, uma redução de 5,8%. A diferença de R$ 25,7 bilhões entre os valores gastos e os prêmios recebidos representa uma perda de 0,2% do PIB nacional.
A análise com dados do Banco Central revela cifras ainda mais elevadas. Os brasileiros têm desembolsado aproximadamente R$ 20 bilhões mensais em apostas online, o que pode totalizar R$ 239 bilhões até o final do ano. As receitas, incluindo prêmios e taxas pagas ao governo, estão entre R$ 15 bilhões e R$ 17 bilhões mensais, com uma estimativa de R$ 203,5 bilhões para 2024. Dessa forma, a perda projetada é de R$ 35,9 bilhões, ou cerca de 0,3% do PIB.
As projeções ressaltam o impacto das apostas online na economia brasileira e levantam preocupações quanto ao nível de endividamento e inadimplência, sobretudo entre a população de baixa renda, alerta o estudo do Santander.