A Justiça Eleitoral realizará uma pesquisa para identificar as causas das abstenções nas eleições, buscando estratégias para diminuir o não comparecimento dos eleitores nas próximas eleições gerais, previstas para 2026. A ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ressaltou a importância dessa investigação ao apresentar o balanço do segundo turno das eleições municipais deste ano, durante uma coletiva de imprensa.
“Há um aumento de abstenção no segundo turno. Tivemos casos climáticos, outros problemas. Vamos verificar e ver o que podemos aperfeiçoar. Vamos ter que apurar em cada local e trabalhar com os dados”, afirmou Cármen Lúcia.
A abstenção aumentou de 21,68% no primeiro turno para 29,26% no segundo, refletindo um padrão recorrente: historicamente, o segundo turno apresenta maior número de ausências, frequentemente relacionado ao descontentamento com as opções de candidatos. As eleições municipais de 2024 registraram o segundo maior índice de abstenção, atrás apenas de 2020, durante a pandemia de Covid-19.
O TSE pretende conduzir a pesquisa junto aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), que atuarão de forma regionalizada para entender as peculiaridades locais que influenciam a ausência dos eleitores. Segundo Cármen Lúcia, as disparidades entre as regiões precisam ser levadas em conta: “Houve município em que teve 16% de abstenção e houve município com 30%”, explicou.
Dificuldades específicas, como as condições climáticas e de transporte, também influenciaram os índices de abstenção. No Amazonas, por exemplo, onde a estiagem tem impactado o transporte, a abstenção foi inferior à média nacional. Manaus, única cidade no estado com segundo turno, teve 23,61% de abstenções no segundo turno, em comparação com 19,94% no primeiro. Em Porto Velho, Rondônia, a abstenção alcançou 30,63% no segundo turno, aumento atribuído a um forte temporal que desestimulou o comparecimento, especialmente entre eleitores idosos.
O TSE também apresentou dados adicionais sobre as eleições. Em Belém, o resultado foi o primeiro a ser confirmado, com a proclamação do candidato eleito às 17h30. Em termos de problemas técnicos, o índice de substituição de urnas foi baixo: 0,12% no segundo turno e 0,63% no primeiro, com um total de 171 urnas substituídas em 97.392 seções eleitorais. Tocantins foi o único estado sem substituição de urnas em nenhum dos turnos.
As justificativas pelo aplicativo e-Título também foram registradas, com 740.388 justificativas baseadas em georreferenciamento, representando eleitores fora de seu município de votação, e 83.363 justificativas de eleitores no exterior.
Para a ministra, a Justiça Eleitoral segue com o compromisso de assegurar a tranquilidade e integridade do processo eleitoral, reforçando que a democracia exige participação e respeito ao convívio civil. “Amanhã recomeçamos os trabalhos até porque os trabalhos são incessantes e as eleições sigam sendo serenas”, concluiu.
Segundo turno: mais de meio milhão de eleitores votam em Natal