Em março deste ano, autoridades da província de Anhui, na China, ordenaram a remoção de cruzes de uma igreja localizada em Yongqing, alegando motivos de “segurança”, embora as cruzes estivessem no local há anos sem incidentes. Segundo a organização norte-americana ChinaAid, a medida pode ter sido imposta por autoridades de níveis superiores e não teria base legal.
Este caso foi citado em um relatório da Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), que acusa o governo chinês de intensificar o controle sobre a prática religiosa no país, especialmente em relação ao cristianismo. O documento aponta que, além de remover símbolos religiosos, como cruzes, as autoridades substituem imagens de cunho religioso por figuras políticas e censuram textos sagrados.
O relatório também mencionou que em algumas igrejas da China, retratos de Jesus Cristo e da Virgem Maria foram trocados por fotos do presidente Xi Jinping. Além disso, há relatos de templos obrigados a exibir slogans do Partido Comunista Chinês (PCC) e de que alguns líderes religiosos são pressionados a ensinar ideologia partidária durante os cultos, em vez de doutrinas tradicionais.
Sob a liderança de Xi, o governo chinês tem buscado “sinicizar” a religião, ou seja, alinhar as crenças religiosas aos valores do PCC. Essa política não afeta apenas cristãos, mas também budistas, muçulmanos, católicos e taoístas, com diversas práticas religiosas sendo suprimidas por não estarem de acordo com as diretrizes do Estado.
Desde 2018, as restrições à liberdade religiosa no país se agravaram, com novas regulamentações impondo maior controle sobre as atividades religiosas. As chamadas “igrejas domésticas”, que funcionam sem autorização estatal, têm sido especialmente visadas, com relatos de vigilância, fechamento de templos e até prisões de líderes religiosos.
Cristãos na China também denunciam uma vigilância crescente. Muitos enfrentam dificuldades para alugar espaços para suas atividades, já que proprietários comerciais sofrem pressão para não apoiar igrejas não registradas. Crianças são proibidas de participar de qualquer forma de educação religiosa, e o governo aplica essas regras de forma rigorosa.
Além disso, líderes religiosos e fiéis são constantemente monitorados, com relatos de cortes de energia durante encontros e encerramento de contratos de aluguel de locais de culto. Famílias com crianças enfrentam obstáculos adicionais, já que o governo proíbe os pais de ensinarem sua fé aos filhos.
Em resposta, o governo chinês negou as acusações e afirmou que o relatório da USCIRF distorce os fatos. As autoridades chinesas defendem que suas políticas garantem a liberdade religiosa no país e são aplicadas dentro da legalidade.