Anualmente, entre os meses de junho e novembro, a costa potiguar é presenteada com um espetáculo da natureza. Baleias Cachalote, Minke, Orca e Jubarte chegam à procura de um refúgio temporário para reprodução e acasalamento nas águas quentes do Brasil. Elas ocupam uma área que se extende do sudeste do país até o arquipélago de Fernando de Noronha, passando pelo Rio Grande do Norte.
Para conhecer mais sobre esse fenômeno, entender como você pode colaborar com a conservação e saber como viver a experiência de observar as baleias em seu habitat natural, O POTI conversou com o professor Lídio Nascimento, responsável pelo Projeto Mamíferos Marinhos do Rio Grande do Norte (PROMMARN), que desenvolve trabalhos de pesquisa e conservação dos mamíferos marinhos no estado.
O PROMMARN desempenha um papel crucial na proteção e no estudo de baleias e golfinhos na costa do RN. Desde 2017, o projeto é responsável pelo monitoramento sistemático e pela realização de expedições científicas todos os fins de semana durante a temporada das baleias. Eles também se dedicam a conscientizar a população sobre a importância da presença dessas criaturas no litoral potiguar.
“O principal objetivo do PROMMARN é a conservação! A baleia jubarte saiu recentemente da lista de animais ameaçados de extinção. Entretanto, para conservar precisamos conhecer os seus hábitos aqui no RN. Os nossos dados darão subsídios que ajudarão nas políticas conservacionistas”.
A educação, nas esferas pública e privada, desempenha um papel vital na conscientização sobre a importância da conservação das baleias. O professor Lídio defende que qualquer pessoa pode colaborar com essa amplificação de informações, replicando os dados que são geradas pelos grupos de pesquisa, e enfatiza a importância de disseminar conhecimento sobre o tema para garantir um futuro saudável para as espécies marinhas.
“É fundamental fazer a informação chegar a crianças, jovens, adultos, empresários, entre outros. Apenas com pessoas conscientes da importância desses animais em nossa costa, teremos uma biodiversidade saudável”, defende Nascimento.
No entanto, nem tudo são águas tranquilas. Um dos principais desafios na proteção das baleias é a busca por apoio financeiro para pesquisas contínuas. Apesar de algum suporte de empresários locais, o PROMMARN depende de recursos adicionais para manter seu trabalho. “Temos alguns poucos empresários (pesca, energias renováveis e consultorias) nos apoiando. Mas, esse apoio é pontual”, revela o professor.
Posso participar de uma expedição?
Se você está se perguntando se é possível participar de uma expedição e contemplar as diversas espécies de baleias de perto a resposta é SIM. No entanto, a experiência não é tratada como um passeio turístico, mas como uma visita de observação onde o respeito pelos animais é o ponto principal.
“Há oportunidades para os visitantes da região participarem de programas de observação de baleias. Como não temos recursos financeiros para custear a pesquisa, e ela é cara, abrimos para o público. Entretanto, cobramos uma taxa, que será usada no aluguel da embarcação, compra do óleo diesel e pagamento da tripulação”, explica o professor Lídio Nascimento. “Ainda não temos a atividade turística de observação de baleias no Rio Grande do Norte. Temos apenas a que ocorre na praia da Pipa, que é voltada para golfinhos”, conclui.
Semanalmente o professor Lídio realiza a divulgação de vagas disponíveis para a observação de baleias nas redes sociais do PROMMARN. Para participar, algumas regras precisam ser cumpridas:
- Não fazemos passeios, fazemos pesquisa;
- Não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas;
- Não é permitido fumar;
- Não oferecemos serviços de bordo;
- O participante pode levar lanche;
- Não fazemos translado para o local de embarque;
- Não é permitido mergulhar com as baleias;
- Participantes dos 12-60 anos;
- A expedição dura 07hrs;
- Das 07hrs às 14hrs;
- Embarque/Desembarque (Pirangi);
- A embarcação é regularizada pela capitania dos portos;
- Podemos levar até 14 pessoas por expedição;
- Taxa por pessoa R$ 100 (aluguel da embarcação, compra do diesel e pagamento da tripulação);
- Reserva da vaga será realizada através do pagamento da taxa;
- Pagamento até 48hrs antes da expedição;
O professor ainda ressalta que a implementação de um projeto oficial de turismo para a observação de baleias no estado é viável.
“O turismo ainda não é uma ameaça. Inclusive existe a possibilidade de implantação do turismo de observação de baleias no RN. A gente só precisaria qualificar os profissionais, que se interessassem pela atividade”.
O futuro das baleias na costa potiguar parece promissor, com leis de proteção em vigor e órgãos fiscalizadores atentos. A conscientização sobre a importância das baleias na ecologia marinha está crescendo, e o compromisso com a conservação está cada dia mais forte.
“Temos as leis que protegem esses animais e temos os órgãos fiscalizadores. Só precisamos continuar o trabalho de conscientização da importância desses animais no ecossistema marinho e fortalecer a fiscalização da pesca com redes de espera”, encerra o professor.