A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá nesta quarta-feira (30) para debater o futuro do ex-ministro Ciro Gomes no partido. Parte dos parlamentares defende que Ciro seja “convidado a sair”, enquanto outros sugerem sua remoção da vice-presidência nacional do PDT, apontando que suas posições e ações recentes têm se distanciado dos interesses da legenda.
Alguns parlamentares criticam Ciro por adotar um “rumo diferente” do partido e agir contra candidaturas do PDT nas eleições de 2024. Eles acreditam que sua postura pode impactar negativamente o desempenho do partido em 2026, ano crucial para cumprir a cláusula de barreira e garantir sua sobrevivência política.
Entre os defensores da expulsão, está o deputado Josenildo (PDT-AP), que afirmou: “Eu vou protocolar um pedido de expulsão se isso não avançar de uma forma consensual no partido”. Segundo ele, Ciro teria desviado o partido de sua rota, dificultando seu crescimento.
A insatisfação dos parlamentares está ligada, entre outros pontos, à conduta de Ciro durante as eleições municipais em Fortaleza e Belo Horizonte. Em agosto, Ciro criticou a candidatura de Duda Salabert (PDT-MG) à prefeitura da capital mineira, afirmando que ela “não tem preparo” para o cargo. Em Fortaleza, sua posição foi vista como um “apoio velado” ao deputado bolsonarista André Fernandes, que concorre contra o petista Evandro Leitão, o que gerou descontentamento dentro do PDT.
A Juventude do PDT também se manifestou em nota pública criticando a postura de Ciro. Em resposta, ele pediu “mais respeito” e afirmou que o partido “não é nem nunca será um puxadinho do PT”. As desavenças no Ceará, onde Ciro rompeu com seu irmão, o senador Cid Gomes (PSB-CE), resultaram na saída de Cid e seus aliados do PDT, e afastaram a legenda da base do governo estadual.
Os resultados das eleições de 2024 contribuíram para o descontentamento. No primeiro turno, o PDT teve um dos piores desempenhos entre todos os partidos, perdendo 163 prefeituras em comparação a 2020, ficando com apenas 148 municípios. No Ceará, principal reduto da legenda, o partido caiu de 67 prefeitos eleitos em 2020 para apenas cinco.
Na reunião, os deputados do PDT também pretendem discutir estratégias para 2026. Há consenso entre alguns membros da bancada de que o partido deve se concentrar em candidaturas à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, além de considerar a formação de uma federação para fortalecer sua posição política. PSB, PSDB e Solidariedade são as siglas cogitadas para essa possível aliança.
O deputado Josenildo afirmou que, caso o PDT opte por lançar uma candidatura presidencial, a primeira medida deveria ser “entregar espaço para o presidente Lula”, a fim de evitar conflitos de interesse, já que a legenda compõe a base do governo.
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