Na última semana, o Ministério da Cultura anunciou planos para lançar ainda este ano uma plataforma de streaming gratuita, visando promover a diversidade cultural do Brasil ao disponibilizar conteúdos audiovisuais nacionais.
A notícia movimentou os bastidores do cinema nacional e foi comemorada por profissionais da área que atuam no Rio Grande do Norte. O POTI conversou com os diretores Teca Duarte, do Caboré Audiovisual, e Pedro Fiuza, da produtora Casa da Praia.
Para Teca, a iniciativa do governo federal representa uma grande oportunidade para dar visibilidade às produções cinematográficas, especialmente para o cinema independente.
“Lutamos há anos por espaços e pela formação de público. Nossas obras, em sua maioria, são exibidas em festivais e mostras locais, tendo muitas vezes um alcance limitado”, desabafa.
Já para Fiuza, a criação é fundamental, principalmente por sua natureza não comercial, como são os streamings internacionais que atuam hoje no país.
“É importante que a gente desague essas obras de alguma forma, inclusive as que são incentivadas pelo próprio governo através de políticas públicas”.
“Não faz sentido a gente investir em obras e a gente não ter onde assisti-las, a população não ter onde assistir essas obras“, afirma.
Contudo, Teca levanta importantes questões sobre como a plataforma selecionará as obras. “Essas questões são importantes para garantir que a plataforma seja justa e inclusiva, e ofereça oportunidades para um grande número de produções”, ressalta.
Essa é uma preocupação que também acompanha Fiuza. “A minha expectativa é de que essa seleção seja feita da forma mais dialogada possível, uma coisa que não existe com as empresas privadas, já que funcionam através de contratos por tempo determinado”.
Ele ainda enfatiza que a falta de distribuição afeta especialmente estados com menos investimentos, como é o caso do Rio Grande do Norte.
“Quando você tem pouco investimento em produção, logicamente você tem pouco investimento também em distribuição”, explica. “Assim, uma plataforma nacional de streaming pode ser uma grande oportunidade para o audiovisual potiguar”.
Os profissionais ainda exaltam a oportunidade de manter um acervo com todas as obras audiovisuais produzidas no Brasil, tornando o acesso fácil ao público, uma vez que os festivais de cinema são frequentados em grande parte apenas por pessoas que atuam na área.
“É importante também pensar em memória, que a gente tenha um espaço onde possamos achar as obras. Um espaço de arquivo, para manter viva a memória”, afirma Fiuza.
Além disso, ambos acreditam que o aumento de alcance para o público poderá impactar diretamente as formas financiamento para o setor, ampliando os recursos públicos e privados.
A plataforma deve ser lançada no segundo semestre deste ano. Entretanto, algumas questões ainda precisam ser respondidas, como a forma de financiamento da plataforma ou quais seriam as produções inseridas no catálogo, já que tantas produções já fazem parte da oferta de serviços pagos.