O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início à cúpula do G20, nesta segunda-feira (18), sediada na cidade do Rio de Janeiro. O discurso de abertura foi marcado por críticas ao investimento em guerras em detrimento do combate à fome
O primeiro eixo da presidência brasileira no G20 é o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, e foi nesse ponto que Lula criticou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando o Brasil voltou ao mapa da fome. O presidente aproveitou para afirmar que vai retirar o país dessa condição até 2026.
O presidente disse que a fome é produto de decisões políticas. Ele afirmou ainda que a persistência da fome é “inaceitável” diante dos gastos militares globais, que chegam a U$ 2,4 trilhões (cerca de R$ 13,8 trilhões no câmbio atual), e que o problema é “inadmissível” tendo em vista a quantidade de alimentos produzida pelo mundo.
“É muito importante o que vamos decidir aqui, e eu tenho certeza de que se assumirmos a responsabilidade no combate à pobreza, podemos ter sucesso em pouco tempo”, declarou.
O segundo eixo de debate promovido pelo Brasil no G20 é o desenvolvimento sustentável, o enfrentamento às mudanças climáticas e a transição energética. Nesse âmbito, Lula disse: “Os fenômenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta. As desigualdades sociais, raciais e de gênero se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas.”
Na área econômica, a principal bandeira brasileira é a taxação global dos super-ricos, que ajudaria a financiar o combate à desigualdade e o enfrentamento das mudanças climáticas. O projeto que sofre oposição do governo argentino é baseada nas ideias do economista francês Gabriel Zucman, a proposta prevê um imposto mínimo de 2% sobre a renda dos bilionários do mundo, que arrecadaria entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões anualmente e divide os países.
G20 no Brasil
A Cúpula de Líderes do G20 ocorre hoje (18) e amanhã (19). Os membros plenos do grupo (19 países mais a União Europeia e a União Africana), representam 85% dos 110 trilhões de dólares do PIB mundial. Também responde por 75% dos 32 trilhões de dólares do comércio de bens e serviços e dois terços dos 8 bilhões de habitantes do planeta.
A presidência do bloco muda a cada ano: foi da Índia em 2023, está com o Brasil agora e será da África do Sul em 2025.
O G20 não aprova leis nem impõe obrigações aos países, mas firma compromissos de políticas econômicas, sociais e de governança a serem adotadas.