Uma investigação liderada pela Polícia Federal (PF) trouxe à tona um possível envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em um caso de dinheiro ilícito. O áudio obtido pela PF durante o processo revelou uma conversa entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Marcelo Câmara, apontado como assessor do ex-presidente, mencionando uma quantia de US$ 25 mil, o que equivale a aproximadamente R$125 mil. Esse valor, de acordo com a investigação, poderia pertencer ao ex-presidente.
A conversa em questão faz parte do relatório que fundamentou a Operação Lucas 12:2, cujo foco é a apuração de atividades suspeitas relacionadas a uma possível organização criminosa que estaria envolvida no desvio e venda de presentes oferecidos por autoridades estrangeiras durante o governo de Bolsonaro.
A PF realizou buscas e apreensões na manhã de hoje (11), tendo como alvos Mauro Cid, seu pai, o General de Exército Mauro Lourena Cid, e Frederick Wassef, ex-advogado de Bolsonaro. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes justificou a operação, citando o avanço das investigações que sugeriam que os valores provenientes das vendas dos presentes estavam sendo direcionados para Bolsonaro.
No diálogo datado de 18 de janeiro deste ano, Mauro Cid menciona a posse de US$ 25 mil por parte de seu pai, General Mauro Lourena Cid, insinuando que esses fundos poderiam pertencer a Bolsonaro. A conversa também expõe a relutância em utilizar o sistema bancário formal para a transação, sugerindo a possibilidade de entregar o dinheiro em espécie nas mãos do ex-presidente.
De acordo com as normas do Tribunal de Contas da União (TCU), presentes de delegações estrangeiras deveriam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), evitando seu uso pessoal ou a falta de catalogação.
Apesar de Bolsonaro não ter sido alvo direto da operação, sua associação a uma suposta “organização criminosa” está sendo investigada, e há solicitações para que preste depoimento e tenha seu sigilo bancário quebrado. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também deve ser ouvida devido às menções em conversas com Mauro Cid.
Lucas 12:2
A operação, denominada “Lucas 12:2” em referência a um versículo bíblico que destaca a inevitabilidade da descoberta da verdade, visa esclarecer as alegações de desvio de bens e enriquecimento ilícito envolvendo os presentes recebidos por Bolsonaro e sua equipe.