O Tribunal de Justiça da Bahia concedeu liberdade provisória ao técnico português Hugo Miguel Duarte Macedo, treinador do time feminino do JC Futebol Clube. Duarte foi preso em flagrante na última segunda-feira (8) por suspeita de injúria racial contra a zagueira do Bahia, Suelen Santos. O incidente ocorreu após a partida entre os dois clubes pelas quartas de final da Série A2 do Campeonato Brasileiro Feminino, no Estádio de Pituaçu, em Salvador.
Durante a audiência de custódia, a juíza Marcela Moura França estabeleceu diversas medidas cautelares para a soltura do treinador, incluindo:
- Pagamento de fiança no valor de 30 salários mínimos (R$ 42 mil);
- Manter distância de pelo menos 200 metros da vítima, Suelen Santos;
- Comparecimento em juízo a cada dois meses pelo período de um ano;
- Proibição de se ausentar de Manaus (AM), onde reside, sem prévia permissão da Justiça.
O Bahia comemorava o acesso à Série A1 do Brasileiro em 2025, apesar do empate sem gols, pois havia vencido o primeiro jogo por 2 a 0. Durante a celebração, iniciou-se uma confusão que envolveu jogadoras do Bahia e Hugo Duarte. Suelen Santos relatou à árbitra que foi alvo de insultos racistas por parte do técnico. A Polícia Militar foi chamada ao local e encaminhou os envolvidos à Central de Flagrantes, onde o boletim de ocorrência foi registrado. Duarte negou as acusações, mas foi preso por suspeita de injúria racial.
Na quarta-feira (10), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da Bahia manifestou apoio a Suelen Santos e às demais jogadoras do Bahia em nota oficial. A entidade criticou o comportamento do técnico e destacou a importância do respeito no esporte.
“Além do comportamento machista e misógino contra as jogadoras do time baiano, o técnico, ao proferir injúrias racistas na tentativa de depreciar a honra da jogadora, demonstra seu total despreparo para exercer um cargo que deve primar pelo respeito à função social do esporte e a coletividade. O futebol feminino é um espaço de empoderamento e fortalecimento da pluralidade e diversidade de todas as mulheres, e não pode admitir atitudes racistas e machistas, principalmente quando tomadas por pessoas que deveriam ser exemplo na luta contra o preconceito“, diz a nota.
Na noite do incidente, os clubes Bahia e JC Futebol Clube repudiaram o ocorrido por meio de notas oficiais nas redes sociais. Suelen Santos também se manifestou nas redes sociais na terça-feira (9), defendendo o direito à igualdade e denunciando o insulto que sofreu. “A Constituição Brasileira delineia o direito de ser tratado como igual perante os demais membros da sociedade, sem discrição de etnia e raça. A naturalização que foi proferida mais de uma vez pela expressão racista ‘macaca’ tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato de denúncia é a arma que tenho para combater o racista”, afirmou a atleta.