Após duas noites de música e festa na Arena das Dunas, chegou ao fim a edição de 26 anos do Festival MADA. Fazendo o que parecia impossível, o festival entregou uma noite ainda mais frenética e caótica que a primeira, ideal para quem gosta de pular, suar, fritar e curtir até as pernas ficarem bambas.
Como sempre diverso, o MADA conseguiu unir e agradar a galera do hip-hop, os emos e os clubbers em uma única plateia. Nem mesmo problemas técnicos de som que afetaram o show do rapper Djonga foram suficientes para impedir a alegria que tomava conta do espaço.
Gal Florentino, que já tem grande experiência nos bastidores do MADA, cumpriu a importante missão de apresentar o festival nesta edição. Ele conversou com O POTI sobre a sensação de ver e conversar com aquele mar de gente na plateia, revelando um pouco do que os artistas também sentem do palco:
“A sensação de ver aquela galera toda do palco é um frio na barriga muito doido, mas também é uma excitação, de muita felicidade. Você entra achando que o público vai te intimidar, e aí quando vê aquele mar de sorriso e as pessoas animadas para verem seus artistas favoritos, é uma energia que contagia. Eu não sei como os artistas lidam com essa sensação com tanta frequência, mas a cada resposta positiva do público é um arrepio que vem dos pés à cabeça. Eu imagino que essa sensação deva viciar, porque é muito boa“.
Confira tudo o que aconteceu na noite de despedida do MADA 2024:
Natal treme com a noite mais agitada do festival
Como bem previsto em nossa matéria sobre a primeira noite do festival, a segunda noite do MADA foi poética e frenética, sendo comandada em sua maior parte por rappers nacionais da maior qualidade. Mas, quem ficou responsável por abrir o MADA foi Cami Santiz, uma das novas promessas da música potiguar, que fez o seu primeiro show no festival. Ela revelou a sensação de ter cumprido a missão:
“É uma oportunidade incrível estar no MADA, não só de ver meus amigos torcendo, porque eles tiveram aí todo esse processo de produção do espetáculo, mas também ver carinhas novas, pessoas que não me conheciam. A projeção que o MADA dá para artistas independentes é sem igual. Eu espero com certeza voltar aqui algum dia, estou me sentindo muito, muito realizada, superou 100% as minhas expectativas e é isso, eu amo o MADA“.
Além de Cami, outras duas estreantes se apresentaram logo em seguida. A primeira foi Ebony, sucesso no rap feminino. Em entrevista aO POTI, a musa do rap feminino comentou sobre o machismo no cenário do ritmo e a visita a Natal:
“Essa questão (machismo no rap) tá melhorando, não por ajuda dos homens, mas porque a gente tá mostrando que merece e é isso aí, a gente não vai parar e assim, se você não apoia paciência. Essa postura feminina tem marcado esse território à força. […] Gostei muito do elenco do MADA, bem misto e de outros gêneros também, dá a oportunidade de pessoas que vieram pra ver outro gênero conhecerem a gente. Fui muito bem recebida por todos, inclusive pela plateia, tô muito feliz. Eu não vou conseguir ficar porque tenho show no Rio, mas eu queria muito! Você não tem noção! A galera é muito linda, eu amo o sotaque, então quero voltar mais vezes, talvez pra curtir e já faço um showzinho“.
Duquesa veio em seguida, trazendo ainda mais representatividade para as mulheres do rap e suas fãs, que sabiam as letras de cor e salteado. As três estreantes mostraram a que vieram e entregaram apresentações que já deixaram a galera naquele ponto para curtir a noite inteira. A diva deu espaço para o grupo Fresno, que, como de costume, garante aquele pop-rock gostoso e nostálgico, fazendo o público cantar em coro sucessos que marcaram gerações. De repente, o MADA trouxe de volta toda a energia e cultura emo que a galera gosta.
Logo após, chegaram eles. A banda que já é queridinha do público do MADA e que todos os anos faz a Arena das Dunas tremer. Baianasystem é uma experiência que merece ser vivida em sua totalidade, sem medo de se jogar e curtir a energia frenética do grupo baiano. A cada música, o público ficava eufórico, pulando e cantando loucamente, se jogando nas rodas que eram tão aguardadas.
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Exaustos e quebrados, os fãs não tiveram nem tempo de descansar e já chegou Djonga, sucesso absoluto do rap nacional que também bota todo mundo pra pular e gritar. Porém, algo inesperado aconteceu: logo na primeira música, um problema técnico fez a música parar de repente. Sem entender o que acontecia, artista e público continuaram cantando juntos, aguardando o retorno do som.
Djonga sentou na beira do palco e conversou com os fãs, que aguardavam ansiosos pelo retorno da música. Desceu do tablado e abraçou os fiéis que, emocionados, se apertavam na grade do festival. Quando finalmente o som retornou, não levou muito tempo para falhar de novo. O problema persistiu por mais de meia hora, até que fosse estabilizado. Djonga pediu que os fãs mandassem energias positivas, ligando as luzes dos celulares.
A Arena virou um lindo iluminado de lanternas e após o sufoco, Djonga finalmente pôde fazer o seu tão esperado show. Apesar do transtorno, a plateia ainda curtiu o show e cantou junto ao artista, que agradeceu pelo carinho e tranquilizou a todos, compartilhando uma história de outro momento onde teve dificuldade para realizar um show em Natal e, ainda assim, foi recebido de braços abertos pela galera às 6h da manhã.
De acordo com o apresentador, Gal, o momento foi tenso, mas, era certeza que o problema seria resolvido: “A certeza de que ia dar certo, a gente tinha, afinal de contas, o palco do Mada é dirigido por duas mulheres da Guria Produtora, que são muito competentes no que elas fazem. […] E aí tem o momento do retorno, o check-line lá do palco tá tudo certo, vamos voltar com o show. Tenho a responsa de voltar, pedir desculpa pro público e agradecer pela consideração, pela paciência. E o Mada tem um público que é muito carinhoso, muito afetivo, então nenhuma pausa prejudicou a experiência, parece que aqueceu. E assim, não é todo dia que a gente pode estar ali frente a frente com Djonga, ele desceu pra parte do pitch, onde ficam os fotógrafos, pra conversar com os fãs, sentando na beirada do palco pra conversar com a galera. Os imprevistos acontecem, mas também tem magia dentro deles”, contou.
Depois da apresentação, a energia não ficou pra baixo e o público recebeu FBC com muita alegria. O artista foi um dos pontos mais altos da noite, realizando um show com muito hip-hop, funk, backing vocals surpreendentes e instrumentos de sopro cativantes. Através das redes sociais, FBC afirmou que este foi o melhor show da sua carreira e agradeceu aos fãs de Natal e o MADA.
“Faz a casinha que é HOUSE”
Depois do sucesso das edições de 2023 e 2024, o Baile da Amada terá que ser fixo e obrigatório. Afinal, botar a plateia pra dançar até o sol nascer é um dos motivos que colocam o MADA na lista de eventos favoritos do público de Natal.
E quem chegou pra abrir o bailão foi o já icônico Taj Ma House, grupo natalense de House Music, ritmo que se destaca como parte essencial da cultura LGBTQIA+. Formado por Janvita, Pajux Frank, Clara Luz e Elisa Bacche, o coletivo entregou uma mescla de música eletrônica com belíssimos vocais ao vivo e percussões irresistíveis. Na plateia a turma dançava, cantava, batia leques e fazia a casinha com as mãos, reforçando os aspectos únicos do ritmo.
Logo depois, foi a vez de Omoloko e Geni dividirem o set que botou a plateia pra fritar e rebolar até as 6 da manhã. A junção de estilos entre os DJ’s foi a cereja do bolo e eles fizeram juntos um fechamento perfeito para quem foi com a intenção de curtir até não aguentar mais.
“Nos vemos em 2025!”
E dessa forma, o MADA se despede de mais uma edição proporcionando diversidade, diversão, fritação e claro, muita música boa. Agora, fica a espera para a edição de 27 anos, que acontece em 2025. Entre os artistas mais mencionados como demanda pelo público, estão Liniker, Marina Sena, Baco Exu do Blues, Emicida, atrações internacionais e, é claro, BaianaSystem.
Na saída, o letreiro já deixou o recado: “Nos vemos em 2025!”.
MADA retorna com fusão de ritmos e emoção em primeira noite de Festival