Mesmo não ocupando nenhum cargo público no momento, o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta atualmente, um dos momentos de maior fragilidade em toda a sua carreira política.
Além de ter sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho, Bolsonaro tem o seu nome e o de aliados envolvidos em um esquema ilegal de desvio e venda de joias e outros objetos de alto valor agregado, como relógios da marca Rolex, cravados em diamantes.
A operação que investiga os fatos foi apelidada de Lucas 12:2, versículo bíblico que diz “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”. Segundo as investigações, os objetos eram presentes dados por autoridades estrangeiras, em especial da Arábia Saudita, durante viagens internacionais do então presidente Jair Bolsonaro. A lei brasileira exige que, objetos especiais dados à autoridades do país, devem ser registradas como patrimônio da nação e anexadas ao acervo da presidência. Acontece que, segundo investigações, as joias e relógios recebidos por Bolsonaro passaram por um esquema de desvio, para serem vendidas ou incluídas em seu acervo pessoal e familiar.
Agora, a história ganha um novo capítulo. Segundo investigações da Polícia Federal (PF), o esquema tinha planos, rotas e personagens bem estabelecidos. A PF aponta que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (que está preso desde maio), ficava responsável por, em segredo, vender as joias e relógios nos Estados Unidos, com a ajuda do pai, o General Lauren’s Cid.
O destino do dinheiro recebido na venda dos objetos, ainda não foi concluído pela PF. Mas em março deste ano, quando o escândalo ganhou repercussão, o Tribunal de Contas da União (TCU), exigiu o retorno de todos os presentes dados ao ex-presidente. Foi então que assessores e aliados de Jair Bolsonaro iniciaram uma força tarefa, para recuperar as joias e relógios vendidos ilegalmente. Um dos investigados por participar do esquema, é Frederick Wassef, o advogado de Jair Bolsonaro.
Se condenado, o ex-presidente pode cair na Lei da Ficha Limpa e ficar inelegível por mais tempo do que já previsto pelo TSE.
Michelle Bolsonaro investigada
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, que acompanhava Jair Bolsonaro em suas viagens internacionais, será intimada a depor pela PF. Ela é citada em mensagens trocadas entre os assessores e ajudantes de ordem do ex-presidente, o que levantou suspeitas sobre o seu envolvimento no caso.
Na última semana, enquanto almoçava em um restaurante no Distrito Federal, a ex-primeira dama foi provocada por clientes, que citaram o caso e reagiu.
O vídeo foi publicado pelo blog da jornalista Andreia Sadi e circula em diversas redes sociais. Assista abaixo: