Em meio a polêmicas e questionamentos, o processo de seleção do edital da Lei Paulo Gustavo, conduzido sob a liderança da vice-prefeita e secretária de Cultura, Kátia Pires, em Parnamirim, tem sido alvo de críticas por parte de produtores audiovisuais locais. A acusação principal recai sobre a Secretaria Municipal de Cultura, que é apontada por diversos profissionais do setor por práticas questionáveis, incluindo doutrinação religiosa e erros no processo de escolha dos projetos contemplados.
Após o período de recursos, que terminou na terça-feira (12), a Secretaria divulgou o resultado definitivo com os novos selecionados nesta sexta-feira (15). Contudo, os artistas ainda apontam diversos erros nas análises e escolhas dos projetos.
Márcia Lohs, artista, diretora e roteirista, destacou a presença de um pastor evangélico à frente de uma produtora que se dedica exclusivamente a cerimônias religiosas, questionando a capacidade dessa empresa em gerar conteúdo artístico para o audiovisual. Segundo ela, há uma dificuldade por parte dos responsáveis pela seleção em compreender o significado de “conteúdo artístico” para o audiovisual, levando a escolhas questionáveis.
“Existe uma tendência muito forte de desviar recursos para fins de doutrinação evangélica. Se existe outro motivo para além de uma questão estritamente religiosa, nós não sabemos, mas o fato é que dinheiro que era para ir para a mão de produtores audiovisuais está sendo desvirtuado para entidades com fins exclusivamente religiosos. E isso é problemático, isso é desvio de finalidade“, enfatizou Márcia Lohs.
Vereadora ironiza controvérsias no edital da Lei Paulo Gustavo em Parnamirim
Ela ainda apontou uma falha no edital, mencionando a inclusão de empresas consideradas “estranhas” pela comunidade artística, como a empresa cristã “Luz em Ação”, especializada em locação de equipamentos e com foco exclusivo em conteúdo evangélico. Para Lohs, isso vai contra a proposta do edital, que deveria priorizar produtores de conteúdos artísticos relevantes para a sociedade local.
Takai, um dos artista em que o projeto foi sequer citado no edital, expressou sua incredulidade diante do apagamento da Companhia de Danças Xaxado, que possui 18 anos de história em Parnamirim, contribuindo para a cultura local. Ele ressaltou a mudança abrupta na abordagem da fundação/SEMUC em relação à companhia, que, após anos de trabalho gratuito, agora se vê excluída do processo de seleção, como se sua existência fosse ignorada.
“Estamos completamente incrédulos que nosso nome não esteja nem mesmo na lista, nem na primeira nem na segunda, nem mesmo como desclassificado, é simplesmente como se a gente nem existisse. É assustador!!!“, desabafou Takai.