Após quase três anos de tramitação judicial, Céu Albuquerque, pernambucana, obteve o reconhecimento oficial de sua condição intersexo em sua certidão de nascimento. O processo teve início em julho de 2021 e foi finalizado com a emissão do documento corrigido na última quinta-feira (7). Céu, jornalista e ativista, torna-se a primeira pessoa no Brasil a alcançar o registro oficial de intersexo, conforme relatado pela Associação Brasileira Intersexo (Abrai).
Céu nasceu com hiperplasia adrenal congênita, uma condição genética que afeta a produção de cortisol e influencia o desenvolvimento sexual, resultando em genitália ambígua. Após passar por uma cirurgia de redesignação sexual na infância, medida considerada pela comunidade intersexo como uma forma de mutilação, Céu foi registrada como do sexo feminino. Essa decisão foi baseada em um exame de cariótipo, utilizado para avaliar a estrutura cromossômica da pessoa.
No entanto, Céu luta há uma década pelo reconhecimento das pessoas intersexo, que não se encaixam nos padrões tradicionais de sexo binário. Essa luta é motivada pela consciência das violações de direitos humanos enfrentadas pela comunidade intersexo, incluindo estigmatização, discriminação, falta de acesso a documentos e intervenções médicas desnecessárias.
Para Céu, a retificação de seu registro representa não apenas uma conquista pessoal, mas também um marco significativo para toda a comunidade intersexo. Ela enfatiza que, muitas vezes, uma conquista individual é o resultado de uma luta coletiva, e sua batalha visa garantir um futuro melhor para crianças intersexo.
A emissão do registro corrigido é um passo importante rumo à inclusão e ao reconhecimento das pessoas intersexo no Brasil, destacando a importância da conscientização e da garantia de direitos para essa comunidade.