A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o seu corpo acadêmico seguem sendo motivo de orgulho para o estado e todo o Brasil. Com uma pesquisa realizada no Instituto do Cérebro (ICe), o professor Sidarta Ribeiro se tornou um dos semifinalistas da primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico. O docente concorre na categoria Divulgação Científica, com a obra As flores do bem (2023), na qual discute aspectos científicos e históricos acerca da liberação da maconha. A premiação é realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).
O autor considera a Cannabis como ‘um milagre de resistência biológica’ de cultivo milenar. Combinando história, ciência, cultura e depoimentos pessoais, o pesquisador se insere na linha de frente do combate à desinformação e desconstrói os argumentos falaciosos comumente divulgados, como aqueles que negam as propriedades medicinais da planta e que afirmam não haver qualquer proveito em seu uso.
Entre os benefícios citados por Ribeiro, estão inclusos os tratamentos e a redução de efeitos colaterais de doenças e transtornos diversos, como é o caso da epilepsia, espasmos, autismo, câncer, depressão, ansiedade, doenças de Alzheimer, de Parkinson e dores neuropáticas, (comumente provocadas por diabetes e que causam sintomas de queimação, aperto e latejar). Além disso, ele esclarece que a maconha só é capaz de produzir efeitos em nosso cérebro e sistema imunológico em virtude da semelhança com moléculas produzidas por nosso próprio corpo.
Como nem tudo são flores, o cientista menciona também que, assim como qualquer outra coisa, o uso excessivo pode causar prejuízos. Ele aponta que em algumas pessoas, o consumo exagerado pode provocar distúrbios complexos, como a síndrome de hiperêmese, uma condição rara que inclui vômitos e náuseas recorrentes.
Sidarta julga que há uma necessidade de reconhecer a complexidade da pauta, bem como de desconstruir os mitos envolvendo a planta. “É muito importante a sociedade brasileira começar a se dar conta de que a maconha foi demonizada e que a guerra contra ela é também a guerra contra seres humanos, que são tipicamente jovens, negros e periféricos. Essas pessoas não deveriam estar na cadeia, mas sim trabalhando ou estudando”, completa.