A Polícia Federal (PF) divulgou um relatório em que acusa 37 pessoas de envolvimento em um plano para abolir o Estado Democrático de Direito no Brasil. Entre os indiciados, está o almirante Almir Garnier, que à época exercia o comando da Marinha do Brasil. A investigação sugere que Garnier teria colocado tropas à disposição do então presidente Jair Bolsonaro em apoio a uma articulação golpista.
Conforme o relatório, mensagens apreendidas no celular do tenente Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, apontam que Garnier teria aderido ao plano. Uma troca de mensagens com referência a Garnier, identificado como “patriota”, menciona que “tinham tanques no Arsenal prontos”. A PF afirma que, diferentemente do comandante do Exército, general Freire Gomes, e do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, Garnier teria se colocado favorável às ordens de Bolsonaro.
A operação, segundo a PF, foi planejada para ocorrer em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Naquela data, Bolsonaro reuniu aliados no Palácio da Alvorada, incluindo o ministro da Justiça Anderson Torres e generais da reserva Braga Netto e Mario Fernandes, também indiciados.
O plano incluía a tentativa de prender o ministro do STF Alexandre de Moraes, mas foi cancelado diante da recusa do Exército e da Aeronáutica em apoiar a ruptura institucional. A falta de adesão das forças militares levou Bolsonaro a não assinar a minuta golpista que, segundo os investigadores, já estava redigida.
De acordo com o relatório, a posição institucional do Exército e da Aeronáutica foi crucial para frustrar a ação. Em nota, a defesa de Garnier negou as acusações e reiterou a inocência do almirante.
A divulgação do relatório ocorreu após o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe no STF, derrubar o sigilo do documento. A PF aponta que as evidências incluem mensagens de texto, depoimentos e outros materiais colhidos ao longo das investigações.
Operação “Contragolpe”: Polícia Federal prende militares suspeitos de planejar matar Lula e Alckmin