Por Larissa Cavalcante e Caio Varela
A Entrevista de Domingo dO POTI apresenta uma conversa franca o ex-deputado federal e ex-secretário de Esportes de Natal, Rafael Motta, que delineou os motivos por trás de sua mudança partidária e sua decisão de lançar-se como pré-candidato a prefeito da capital potiguar. Motta expôs suas razões para deixar o PSB, seu novo alinhamento com o Avante e sua visão para o futuro político de Natal.
Ao ser questionado sobre sua mudança partidária, Motta foi direto ao apontar a falta de autonomia decisória dentro do PSB, especialmente em relação à sua pré-candidatura a prefeito, que foi barrada devido à pressão do PT.
Quando questionado sobre sua relação com a governadora Fátima Bezerra, a deputada Natália Bonavides e o PT do RN, Rafael expressou seu apoio ao projeto de Fátima Bezerra para o estado, mas também apontou divergências em relação à postura de Natália Bonavides, ressaltando seu histórico de votações em consonância com o PSB.
Por fim, Motta refutou as alegações do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, de que estaria buscando uma aliança com seu adversário político Carlos Eduardo. Ele negou qualquer intenção de trair o partido e enfatizou sua lealdade aos princípios e ideais do PSB, repudiando qualquer tentativa de difamação.
Confira:
O POTI – O senhor sempre se mostrou muito afinado com o comando nacional do PSB, o que aconteceu para sua mudança partidária?
RAFAEL MOTTA: Aconteceu que eu me vi numa situação que contradiz o que temos trabalhado no partido na última década em que estive na sigla, que é justamente a democracia e o crescimento do PSB. Enxerguei a falta de autonomia decisória quando a sigla cedeu a pressão do PT para barrar minha pré-candidatura a prefeito do Natal.
O PT se diz aliado do PSB, mas teve sua presidente nacional, Gleisi Hoffmann, no Rio Grande do Norte, e sequer chamou o comando local para um diálogo, com declarações que apontavam uma aposta de que eu iria ceder ao comando da direção nacional socialista, para de forma forçada apoiar o nome do PT nas eleições municipais deste ano em Natal
Eu não sou um homem público que compactua com essa forma de fazer política. A minha forma de fazer política é através do diálogo, de propostas e do convencimento. Então, diante disto, me retirei e vou seguir um novo caminho.
O POTI – O que levou a escolher o Avante?
RAFAEL MOTTA: O Avante foi um dos únicos partidos que apoiou o meu projeto para o Senado. Tenho uma ótima relação com Jorge do Rosário, presidente estadual da legenda. O presidente nacional, Luís Tibé, foi meu colega de Câmara e me deu autonomia para trabalhar o projeto para Natal. Somado a isso, a sigla também é base de sustentação do governo federal. Todo um alinhamento para a nossa chegada ao partido.
O POTI – Haverá uma transição no PSB? como ficam as nominatas pelo estado a fora?
RAFAEL MOTTA: Dialogamos com nossos parceiros no interior do estado e a grande maioria acompanhou o nosso posicionamento filiando-se ao Avante. Em Natal, por exemplo, cerca de 90% dos nomes que colocamos como pré-candidatos pelo PSB acabaram migrando para o Avante, onde vamos fazer uma bonita campanha com perspectivas de eleger em torno de dois representantes do Avante na Câmara Municipal de Natal.
O POTI – O senhor assumirá o comando estadual do Avante/RN até o início das convenções partidárias?
RAFAEL MOTTA: Não tenho essa vaidade, pelo contrário. O partido é muito bem dirigido no RN, sob o comando de Jorge do Rosário, que me recebeu de braços abertos. Meu papel é me somar ao grupo para fazer o partido crescer por todo o Rio Grande do Norte.
O POTI – Como está a relação com a governadora Fátima, com a deputada Natália e com o PT do RN?
RAFAEL MOTTA: Eu votei em Fátima, pedi voto para ela em todos os municípios em que eu estive e acreditei no projeto dela para o Rio Grande do Norte. Acho que o Estado está muito aquém do que o potiguar precisa. É necessário mostrar ações efetivas para os potiguares neste segundo mandato, principalmente, quando temos um governo estadual alinhado com o federal. Foram anunciados recursos para a requalificação das estradas. Tem as obras com recursos do PAC também e estamos aguardando que seja feito um bom trabalho nesses pontos citados.
Já Natália, eu estudei com ela na escola. Fomos deputados federais juntos, com votações em consonância muitas vezes. O que me surpreendeu negativamente foi a postura dela, de imposição. Fato que não se assemelha ao que eu conhecia da personalidade dela.
O POTI – Em entrevista, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o senhor está mentindo para a população de Natal quando diz que quer ser candidato a prefeito e que na verdade quer se aliar com o seu adversário 2022, Carlos Eduardo. O que o senhor tem a dizer sobre o assunto?
RAFAEL MOTTA: Eu não reconheço o presidente Carlos Siqueira na entrevista dada por ele. Ao contrario do que foi exposto, ingratidão não faz parte da minha biografia política. Sempre acompanhei o partido nos posicionamentos políticos do PSB, principalmente pelo meu alinhamento político e ideológico com o programa partidário pessebista, a exemplo das votações da Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista em que eu votei não. Do meu ponto de vista foi uma fala infeliz e não condiz com a postura de um presidente. Acredito que esse posicionamento seja mais uma manobra para agradar o PT, mas isso não seria feito através de mim. Eu não faço política dessa forma.