O governo brasileiro vem sendo criticado por não classificar o Hamas como grupo terrorista desde que um novo confronto entre Israel e Palestina foi iniciado no sábado (7). O assunto foi causou discussão entre deputados da base e da oposição no Plenário da Câmara, em Brasília.
O Brasil divulgou a sua posição sobre a situação no domingo (8), em uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O governo brasileiro condenou os ataques contra civis dos dois lados e a escalada da violência. Também reiterou o compromisso com a solução de dois Estados na região, um palestino, além de Israel, e pediu paz.
Com isso, os deputados da oposição e dezenas de representantes religiosos criticaram a falta de uma condenação mais firme ao Hamas e a classificação do grupo como terrorista.
Mas, por que o Brasil não classifica o Hamas como grupo terrorista?
Historicamente o governo brasileiro só aceita classificar uma organização como terrorista se ela for considerada assim pela ONU, como é o caso dos grupos islamistas Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico, que são consideradas organizações terroristas pela Organização.
Por isso, mesmo que haja mudança de presidentes no país, o Brasil não muda a sua classificação de entidades consideradas terroristas.
Apesar disso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou a manifestar o desejo de classificar grupos como o palestino Hamas e o islâmico xiita libanês Hezbollah como terroristas. No entanto, oficialmente o posicionamento do Brasil sobre o assunto nunca mudou.
Por que outros países têm um posicionamento diferente do Brasil?
A motivação para classificar uma entidade como terrorista ou não varia de acordo com os interesses e diretrizes da política externa de cada país.
A Noruega, por exemplo, também não trata o Hamas como grupo terrorista. Em 2007, Oslo chegou a recusar o boicote internacional ao grupo depois que o Hamas venceu as eleições em Gaza.
Contudo, a posição tinha um interesse: o país pretendia negociar um processo de paz entre o Hamas e Israel. Mas o plano nunca saiu do papel.
Já países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia consideram o grupo palestino como organização terrorista. Estudiosos em geopolítica dizem que os posicionamentos da Europa e dos EUA estão ligados aos interesses no petróleo da área.