O governo federal divulgou uma nova proposta na tentativa de encerrar a greve que afeta mais de 50 universidades e 79 institutos federais em todo o país. A proposta oferece um reajuste salarial mais substancial para professores e técnicos administrativos.
De acordo com o secretário de Relações de Trabalho, José Lopez Feijóo, o Ministério da Educação se comprometeu com um aumento de 9% em janeiro de 2025 e mais 3,5% em maio de 2026.
Anteriormente, a primeira oferta do governo era de um reajuste de 9% ao longo de dois anos, com 4,5% em 2025 e 4,5% em 2026, sem previsão de aumento para este ano. A nova proposta visa conceder 9% em janeiro de 2025 e mais 3,5% em maio de 2026, totalizando 12,5%, sem previsão de aumento para 2024.
Feijóo afirmou que a reestruturação de carreira foi um ponto chave nas negociações. Ele explicou que, dentre os 12 pontos de reivindicação dos docentes, nove foram atendidos pelo governo.
Apesar disso, a proposta não foi suficiente para encerrar a greve. A Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação das Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA) e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) afirmaram que a proposta do governo é insuficiente e que a greve continuará.
O secretário-executivo-adjunto do Ministério da Educação, Gregório Grisa, explicou que não há espaço fiscal neste ano para reajuste salarial, apenas para os auxílios alimentação, saúde e creche. Para compensar, o governo decidiu aumentar os benefícios para aposentados e pensionistas.
A greve, que começou em março, ganhou força na semana passada devido à falta de avanços nas negociações com o governo federal. As adesões ao movimento grevista variam em cada instituição de ensino, com alguns setores paralisados e outros não.
Demandas dos grevistas
Além da recomposição salarial, professores e servidores das instituições reivindicam:
- reestruturação das carreiras;
- revogação de normas relacionadas à educação que foram aprovadas nos governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022), como o novo ensino médio;
- reforço no orçamento das instituições de ensino e reajuste imediato de auxílios estudantis.
Quando aconteceram as últimas greves nas federais?
Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), o histórico de greves em universidades e institutos federais nos últimos 20 anos foi o seguinte:
- 2005: 112 dias de paralisação pelo reajuste de salários (40 universidades aderiram);
- 2008: 112 dias de paralisação pela reivindicação de verba para o orçamento (39 universidades aderiram);
- 2012: 125 dias de paralisação pelo reajuste de salários e de planos de carreira (60 universidades aderiram);
- 2015: 139 dias de paralisação pelo reajuste de salários (39 universidades aderiram);
- 2016: 26 dias de paralisação para impedir a aprovação da emenda constitucional 95 (44 universidades aderiram).