“Não existe combate à corrupção com servidores desvalorizados”, afirmou Elaine Niehues Faustino, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical)
Profissionais da Controladoria Geral da União (CGU), que vieram de diferentes estados do Nordeste, realizaram hoje (21) um protesto para reivindicar melhores condições salariais e a valorização de sua carreira. A ação aconteceu durante o Side Event (Evento Paralelo) do G20 sobre integridade e anticorrupção, que foi realizado em Natal.
Aproveitando a temática da reunião de especialistas, líderes globais e representantes da sociedade civil, bem como o seu objetivo principal de incentivar o diálogo sobre políticas que promovam a justiça social e sustentabilidade, os servidores trajados de preto e portando cartazes, ocuparam a galeria do evento e fizeram suas reivindicações.
“Estamos aqui com colegas da Paraíba, do Ceará, de Alagoas, e com servidores da Controladoria-Geral da Uniao do Estado do Rio Grande do Norte para chamar a atenção do governo federal e pedir a retomada das negociações, a reabertura do diálogo com a categoria, porque não existe combate à corrupção com servidores desvalorizados”, disse Elaine Niehues Faustino, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical).
A Controladoria-Geral da União é o órgão de controle interno do Governo Federal responsável por realizar atividades relacionadas à defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio de ações de auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria.
A mobilização ocorre após a categoria rejeitar, em 8 de outubro, a terceira proposta consecutiva de acordo do governo, considerada insatisfatória pelos auditores. As principais exigências incluem a correção de distorções salariais com outras carreiras de mesmo nível, a implementação do nível superior como requisito para o cargo de Técnico Federal de Finanças e Controle, e a manutenção dos atuais 13 níveis de progressão, ao invés dos 20 propostos pelo governo.
O Unacon Sindical aponta que a falta de valorização tem efeitos diretos na retenção de talentos, citando que mais de 35% dos servidores aprovados no último concurso público da CGU deixaram a instituição por carreiras que oferecem melhores condições.
A entidade também critica o governo por descumprir recomendações internacionais que sugerem o fortalecimento dos órgãos de controle e incentivo aos funcionários que atuam no combate à corrupção. “Enquanto medidas internacionais recomendam ampliar o suporte à nossa função, o governo atual propõe rebaixamentos através de reestruturações administrativas”, declara o sindicato.
Outra denúncia da entidade aponta o descumprimento de recomendações e compromissos internacionais.
“Enquanto a Convenção Interamericana Contra a Corrupção, da OEA, recomenda o fortalecimento dos órgãos de controle e o incentivo aos servidores na linha de frente do combate à corrupção, o governo promove, por meio das reestruturações administrativas propostas, o rebaixamento dessa carreira essencial”, afirma o Sindicato.
Para aumentar a pressão sobre o governo, os servidores da CGU planejam uma nova greve nesta terça-feira (22), seguindo o cronograma de paralisações às terças e quintas-feiras. A greve já tem afetado as operações da CGU, impactando desde a realização de auditorias até a conclusão de acordos de leniência.