Nesta quinta-feira (24), auditores e técnicos federais da Controladoria Geral da União (CGU) realizaram um protesto em frente ao hotel Serhs, em Natal, onde ocorria um evento do G20 sobre integridade e anticorrupção. A manifestação, que contou com a presença de servidores de estados como Paraíba, Pernambuco, Ceará, Alagoas, Bahia e Espírito Santo, expressou a insatisfação com a desvalorização da carreira e o impacto que isso tem gerado na atuação do órgão.
O protesto ocorreu enquanto o ministro da CGU, Vinícius Marques, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, e outros especialistas e líderes globais participavam das discussões sobre o combate à corrupção. Faixas de protesto foram espalhadas pela Via Costeira, que dá acesso ao local do evento.
“Estamos aqui nesse evento em que o tema é combate à corrupção pra demonstrar que combate à corrupção se faz com servidor valorizado. Do último concurso da CGU já perdemos 30% do quadro e estamos muito preocupados com esse desalinhamento das carreiras de mesma responsabilidade”, afirmou Elaine Niehues Faustino, vice-presidente do Unacon Sindical, entidade que representa os auditores e técnicos da CGU.
Reivindicações da Categoria
Os servidores da CGU estão em greve de terça a quinta-feira e a mobilização já afeta áreas como auditorias, fiscalizações e a conclusão de acordos de leniência. A paralisação também impacta as operações especiais conduzidas em parceria com a Polícia Federal.
Entre as principais reivindicações da categoria estão:
- Correção das assimetrias salariais em relação a outras carreiras de mesmo nível, que até 2016 mantinham similaridade remuneratória;
- Cumprimento do acordo de 2015, que prevê a exigência de nível superior para ingresso no cargo de Técnico Federal de Finanças e Controle;
- Manutenção dos atuais 13 níveis de progressão na carreira, frente à proposta do governo de ampliar para 20 níveis, sem isonomia com outras carreiras.
Impactos da Desvalorização
A categoria já rejeitou três vezes a proposta de acordo do governo, alegando que os pontos centrais para a valorização da carreira não foram atendidos. Segundo o Unacon Sindical, mais de 35% dos servidores aprovados no concurso de 2022 pediram exoneração, buscando cargos em carreiras mais valorizadas.
Em nota, a entidade destacou que a desvalorização da carreira compromete a capacidade de retenção de talentos e viola compromissos internacionais. “Enquanto a Convenção Interamericana Contra a Corrupção, da OEA, recomenda o fortalecimento dos órgãos de controle e o incentivo aos servidores na linha de frente do combate à corrupção, o governo promove, por meio das reestruturações administrativas propostas, o rebaixamento dessa carreira essencial”, apontou o sindicato.
A greve segue sem previsão de encerramento, enquanto o impasse com o governo persiste.