Esta semana Polícia Federal deflagrou uma operação que mirou uma série de agentes políticos acusados de uma tentativa de golpe de Estado, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro, alguns dos seus antigos ministros de governo e assessores pessoais, militares do alto escalão e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.
Leia o que se sabe até agora sobre a Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal:
Tentativa e incitação de golpe de Estado
Segundo a PF, durante o ano de 2022, que foi marcado pela tensão da última eleição presidencial, o grupo teria planejado contestar o resultado das urnas e através de meios ilegais, manter-se no poder mesmo após a eleição do atual presidente do país, Luís Inácio Lula da Silva. No total, a operação envolveu 33 mandados de busca e apreensão, quatro prisões preventivas e 48 medidas cautelares, incluindo restrições de contato entre os investigados e a obrigação de entregar os passaportes em 24 horas, como foi o caso do ex-presidente.
Bolsonaro é alvo de busca e apreensão; PF dá 24h para ele entregar o passaporte
Além disso, alguns dos acusados são investigados por incitar que apoiadores de Bolsonaro participassem de atos golpistas, como nos acampamentos em frente aos quartéis generais do Exército em diversas cidades do país e a depredação da Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Órgãos públicos aparelhados para espionagem ilegal
Ainda de acordo com as investigações, o grupo teria ainda feito uma série de interferências na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No dia 29 de janeiro, a PF deflagrou uma operação que mirou Carlos Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente, por suspeita de envolvimento na chamada “Abin Paralela”, que estaria espionando e monitorando uma série de líderes políticos, incluindo membros do Supremo Tribunal Federal (STF), senadores, ministros e deputados.
Parte das acusações são embasadas por uma reunião entre Bolsonaro, alguns de seus ministros e outras figuras do alto escalão, no dia 5 de julho de 2022. Durante o encontro, que foi gravado à pedido do próprio Bolsonaro, o general Augusto Heleno sugeriu utilizar a Abin para espionar adversários políticos e suas campanhas eleitorais. Além disso, o general Mauro Cid, que já é acusado de uma série de crimes, teve conversas descobertas pela PF, onde demonstrava saber cada passo do ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte. A PF suspeita que o ministro era monitorado para que fosse alvo de uma possível prisão ilegal.
O vídeo contendo a reunião completa foi disponibilizado pelo STF; assista:
O vídeo na íntegra da reuniao do Bolsonaro que o STF disponibilizou aqui. Divirtam-se: pic.twitter.com/UQLOhVsAoD
— Jéferfon Menezes (@JefinhoMenes) 9 de fevereiro de 2024
Valdemar Costa Neto foi preso por porte ilegal de arma
O presidente do PL, partido de Bolsonaro, foi um dos alvos da operação. Na ação, Valdemar foi preso em flagrante por estar portando uma arma de fogo com registro vencido e em nome de um terceiro. Além do artefato, a PF ainda encontrou uma pepita de ouro de cerca de R$ 11.600 reais, proveniente do garimpo ilegal.
Segundo agentes da Polícia Federal, Valdemar não tem direito à fiança e ele passou a noite em uma cela da sede da corporação em Brasília. Onde aguarda a audiência de custódia, marcada para esta sexta-feira pelo ministro Alexandre de Moraes.
Valdemar Costa Neto é preso em flagrante com arma sem registro
Polícia Federal encontra com Costa Neto pepita de ouro extraída ilegalmente
Oposição critica andamento das operações
Em reação às operações da Polícia Federal, líderes da direita brasileira dizem há uma perseguição constante contra seus líderes.
O senador potiguar Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Congresso, afirmou em coletiva de imprensa que o ministro Alexandre de Moraes não poderia continuar como relator do caso.
“Quem é vítima não pode investigar, não tem imparcialidade, não tem isenção para estar à frente de inquérito”, afirmou.
Anteriormente, Marinho já havia defendido ideias como penas mais brandas e anistia para os acusados dos atos golpistas do 8 de janeiro. Ele chegou a chorar em uma sessão no Senado, ao falar dos integrantes dos atos que acabaram presos.